sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Ana Cristina Cesar - poesia anos 70
"olho muito tempo o corpo de um poema"
Ana Cristina Cesar
olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas
Ana Cristina Cesar, ou Ana C., como era conhecida, nasceu em 1952 nesta cidade do Rio de Janeiro. Após 1968, passou um ano em Londres, fez algumas viagens pelos arredores e, na volta, deu aulas, traduziu, fez letras, escreveu para revistas e jornais alternativos, e saiu na antologia "26 Poetas Hoje", de Heloísa Buarque. Publicou, pela Funarte, pesquisa sobre literatura e cinema, fez mestrado em comunicação, lançou seus primeiros livros em edições independentes: "Cenas de Abril" e "Correspondência Completa". Dez anos depois voltou à Inglaterra, graduou-se em tradução literária, escreveu muitas cartas e editou "Luvas de Pelica". Trabalhou em jornalismo, televisão e escreveu "A Teus Pés", Editora Ática - São Paulo, 1998. Suicidou-se no dia 29 de outubro de 1983.
O poema acima foi incluído no livro "Os cem melhores poemas brasileiros do século", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 249, seleção de Ítalo Moriconi, que assim se manifestou sobre a escritora: "Ana Cristina dizia que uma das facetas do seu desbunde fora abandonar a idéia de ser escritora, livrar-se do que ela naquele momento julgava ser sua face herdada, o estigma princesa bem-comportada, alguém marcada para escrever".
Flores do Mais
devagar escreva
uma primeira letra
escrava
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais
Deus na Antecâmera
Mereço(merecemos, meretrizes)
Perdão(perdoai-nos, patres conscripti)
Socorro (correi, valei-nos, santos perdidos)
Eu quero me livrar desta poesia infecta
beijar mãos sem elos sem tinturas
consciências soltas pelos ventos
desatando o culto das antecedências
sem medo de dedos de dados de dúvidas
em prontidão sangüinária
(sangue e amor se aconchegando
horas atrás de hora)
Eu quero pensar ao apalpar
eu quero dizer ao conviver
eu quero parir ao repartir
Filho
Pai
E
Fogo
DE-LI-BE-RA-MEN-TE
abertos ao tudo inteiro
maiores que o todo nosso
em nós(com a gente) se dando
HOMEM: ACORDA!
Fagulha
Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
Protuberância
Este sorriso que muitos chamam de boca
É antes um chafariz, uma coisa louca
Sou amativa antes de tudo
Embora o mundo me condene
Devo falar em nariz(as pontas rimam por dentro)
Se nos determos amanhã
Pelo menos não haverá necessidades frugais nos espreitando
Quem me emprestar seu peito ma madrugada
E me consolar, talvez tal vez me ensine um assobio
Não sei se me querem, escondo-me sem impasses
E repitamos a amadora sou
Armadora decerto atrás das portas
Não abro para ninguém, e se a pena é lépida, nada me detém
É sem dúvida inútil o chuvisco de meus olhos
O círculo se abre em circunferências concêntricas que se
Fecham sobre si mesmas
No ano 2001 terei (2001-1952=) 49 anos e serei uma rainha
Rainha de quem, quê, não importa
E se eu morrer antes disso
Não verei a lua mais de perto
Talvez me irrite pisar no impisável
E a morte deve ser muito mais gostosa
Recheada com marchemélou
Uma lâmpada queimada me contempla
Eu dentro do templo chuto o tempo
Um palavra me delineia
VORAZ
E em breve a sombra se dilui,
Se perde o anjo.
Ana Cristina Cesar
olho muito tempo o corpo de um poema
até perder de vista o que não seja corpo
e sentir separado dentre os dentes
um filete de sangue
nas gengivas
Ana Cristina Cesar, ou Ana C., como era conhecida, nasceu em 1952 nesta cidade do Rio de Janeiro. Após 1968, passou um ano em Londres, fez algumas viagens pelos arredores e, na volta, deu aulas, traduziu, fez letras, escreveu para revistas e jornais alternativos, e saiu na antologia "26 Poetas Hoje", de Heloísa Buarque. Publicou, pela Funarte, pesquisa sobre literatura e cinema, fez mestrado em comunicação, lançou seus primeiros livros em edições independentes: "Cenas de Abril" e "Correspondência Completa". Dez anos depois voltou à Inglaterra, graduou-se em tradução literária, escreveu muitas cartas e editou "Luvas de Pelica". Trabalhou em jornalismo, televisão e escreveu "A Teus Pés", Editora Ática - São Paulo, 1998. Suicidou-se no dia 29 de outubro de 1983.
O poema acima foi incluído no livro "Os cem melhores poemas brasileiros do século", Editora Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 249, seleção de Ítalo Moriconi, que assim se manifestou sobre a escritora: "Ana Cristina dizia que uma das facetas do seu desbunde fora abandonar a idéia de ser escritora, livrar-se do que ela naquele momento julgava ser sua face herdada, o estigma princesa bem-comportada, alguém marcada para escrever".
Flores do Mais
devagar escreva
uma primeira letra
escrava
nas imediações construídas
pelos furacões;
devagar meça
a primeira pássara
bisonha que
riscar
o pano de boca
aberto
sobre os vendavais;
devagar imponha
o pulso
que melhor
souber sangrar
sobre a faca
das marés;
devagar imprima
o primeiro
olhar
sobre o galope molhado
dos animais; devagar
peça mais
e mais e
mais
Deus na Antecâmera
Mereço(merecemos, meretrizes)
Perdão(perdoai-nos, patres conscripti)
Socorro (correi, valei-nos, santos perdidos)
Eu quero me livrar desta poesia infecta
beijar mãos sem elos sem tinturas
consciências soltas pelos ventos
desatando o culto das antecedências
sem medo de dedos de dados de dúvidas
em prontidão sangüinária
(sangue e amor se aconchegando
horas atrás de hora)
Eu quero pensar ao apalpar
eu quero dizer ao conviver
eu quero parir ao repartir
Filho
Pai
E
Fogo
DE-LI-BE-RA-MEN-TE
abertos ao tudo inteiro
maiores que o todo nosso
em nós(com a gente) se dando
HOMEM: ACORDA!
Fagulha
Abri curiosa
o céu.
Assim, afastando de leve as cortinas.
Eu queria entrar,
coração ante coração,
inteiriça
ou pelo menos mover-me um pouco,
com aquela parcimônia que caracterizava
as agitações me chamando
Eu queria até mesmo
saber ver,
e num movimento redondo
como as ondas
que me circundavam, invisíveis,
abraçar com as retinas
cada pedacinho de matéria viva.
Eu queria
(só)
perceber o invislumbrável
no levíssimo que sobrevoava.
Eu queria
apanhar uma braçada
do infinito em luz que a mim se misturava.
Eu queria
captar o impercebido
nos momentos mínimos do espaço
nu e cheio
Eu queria
ao menos manter descerradas as cortinas
na impossibilidade de tangê-las
Eu não sabia
que virar pelo avesso
era uma experiência mortal.
Protuberância
Este sorriso que muitos chamam de boca
É antes um chafariz, uma coisa louca
Sou amativa antes de tudo
Embora o mundo me condene
Devo falar em nariz(as pontas rimam por dentro)
Se nos determos amanhã
Pelo menos não haverá necessidades frugais nos espreitando
Quem me emprestar seu peito ma madrugada
E me consolar, talvez tal vez me ensine um assobio
Não sei se me querem, escondo-me sem impasses
E repitamos a amadora sou
Armadora decerto atrás das portas
Não abro para ninguém, e se a pena é lépida, nada me detém
É sem dúvida inútil o chuvisco de meus olhos
O círculo se abre em circunferências concêntricas que se
Fecham sobre si mesmas
No ano 2001 terei (2001-1952=) 49 anos e serei uma rainha
Rainha de quem, quê, não importa
E se eu morrer antes disso
Não verei a lua mais de perto
Talvez me irrite pisar no impisável
E a morte deve ser muito mais gostosa
Recheada com marchemélou
Uma lâmpada queimada me contempla
Eu dentro do templo chuto o tempo
Um palavra me delineia
VORAZ
E em breve a sombra se dilui,
Se perde o anjo.
Torquato Neto - Poeta Tropicalista
Cogito
Torquato Neto
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.
Torquato Pereira de Araújo Neto nasceu em Teresina (PI), no dia 09 de novembro de 1944. Foi contemporâneo de Gilberto Gil no colégio em que estudou, em Salvador, tornando-se amigo do compositor e conhecendo também os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia. Em 1966 mudou-se para o Rio de Janeiro, começando seus estudos de Jornalismo. Mesmo sem ter concluído o curso, iniciou-se na profissão trabalhando em diversos jornais cariocas, tendo criado e redigido a coluna "Geléia Geral" no jornal carioca "Última Hora". Um dos criadores do movimento tropicalista, é o autor de inúmeras letras de músicas de sucesso, entre as quais destacamos "Mamãe, Coragem", "Geléia Geral", "Domingou", "Louvação", "Pra dizer adeus", "Rancho da rosa encarnada" e "Marginália II".
Em 10 de novembro de 1972, suicidou-se deixando o seguinte bilhete: "Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega! Não sacudam demais o Thiago, que ele pode acordar".
Em 1973, ocorreu a publicação póstuma de seu livro "Os Últimos Dias de Paupéria", organizado por Ana Maria Silva Duarte e Waly Salomão. Três anos depois, alguns de seus poemas foram incluídos na antologia "26 Poetas Hoje", organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Em 1997, foram publicados quatro de seus poemas na antologia bilíngüe "Nothing the Sun Could Not Explain", organizada por Michael Palmer, Régis Bonvicino e Nelson Ascher.
O poema acima foi publicado no livro "Os Últimos Dias de Paupéria", Max Limonad - Rio de Janeiro, 1973, e selecionado por Ítalo Moriconi para figurar no livro "Os cem melhores poemas brasileiros do século", Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 269.
Outros poemas de Torquato Neto:
Marginália II
(música gravada por Gilberto Gil com os Mutantes em 1968)
Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu pecado
Meu sonho desesperado
Meu bem guardado segredo
Minha aflição
Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu degredo
Pão seco de cada dia
Tropical melancolia
Negra solidão
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui, o Terceiro Mundo
Pede a bênção e vai dormir
Entre cascatas, palmeiras
Araçás e bananeiras
Ao canto da juriti
Aqui, meu pânico e glória
Aqui, meu laço e cadeia
Conheço bem minha história
Começa na lua cheia
E termina antes do fim
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Minha terra tem palmeiras
Onde sopra o vento forte
Da fome, do medo e muito
Principalmente da morte
Olelê, lalá
A bomba explode lá fora
E agora, o que vou temer?
Oh, yes, nós temos banana
Até pra dar e vender
Olelê, lalá
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
O Poeta é a Mãe das Armas
O Poeta é a mãe das armas
& das Artes em geral —
alô, poetas: poesia
no país do carnaval;
Alô, malucos: poesia
não tem nada a ver com os versos
dessa estação muito fria.
O Poeta é a mãe das Artes
& das armas em geral:
quem não inventa as maneiras
do corte no carnaval
(alô, malucos), é traidor
da poesia: não vale nada, lodal.
A poesia é o pai da ar-
timanha de sempre: quent
ura no forno quente
do lado de cá, no lar
das coisas malditíssimas;
alô poetas: poesia!
poesia poesia poesia poesia!
O poeta não se cuida ao ponto
de não se cuidar: quem for cortar meu cabelo
já sabe: não está cortando nada
além da MINHA bandeira ////////// =
sem aura nem baúra, sem nada mais pra contar.
Isso: ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. a
r: em primeiríssimo, o lugar.
poetemos pois
torquato neto /8/11/71 & sempre.
A rua
Toda rua tem seu curso
Tem seu leito de água clara
Por onde passa a memória
Lembrando histórias de um tempo
Que não acaba
De uma rua, de uma rua
Eu lembro agora
Que o tempo, ninguém mais
Ninguém mais canta
Muito embora de cirandas
(Oi, de cirandas)
E de meninos correndo
Atrás de bandas
Atrás de bandas que passavam
Como o rio Parnaíba
O rio manso
Passava no fim da rua
E molhava seus lajedos
Onde a noite refletia
O brilho manso
O tempo claro da lua
Ê, São João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Ê, Parnaíba passando
Separando a minha rua
Das outras, do Maranhão
De longe pensando nela
Meu coração de menino
Bate forte como um sino
Que anuncia procissão
Ê, minha rua, meu povo
Ê, gente que mal nasceu
Das Dores, que morreu cedo
Luzia, que se perdeu
Macapreto, Zé Velhinho
Esse menino crescido
Que tem o peito ferido
Anda vivo, não morreu
Ê, Pacatuba
Meu tempo de brincar já foi-se embora
Ê, Parnaíba
Passando pela rua até agora
Agora por aqui estou com vontade
E eu volto pra matar esta saudade
Ê, São João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Literato cantabile
agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto pode ser o fim
do seu início
agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em minha orla
os pássaros de sempre cantam assim,
do precipício:
a guerra acabou
quem perdeu agradeça
a quem ganhou.
não se fala. não é permitido
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos
está vetado qualquer movimento
do corpo ou onde quer que alhures.
toda palavra envolve o precipício
e os literatos foram todos para o hospício
e não se sabe nunca mais do mim. agora o nunca.
agora não se fala nada, sim. fim. a guerra
acabou
e quem perdeu agradeça a quem ganhou.
21-10
Agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:
Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.
Você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:
só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:
não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento
Let’s Play That
quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando a minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let’s play that
da Série "Sintonia de nossa Sincronia"
Torquato Neto
eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranqüilamente
todas as horas do fim.
Torquato Pereira de Araújo Neto nasceu em Teresina (PI), no dia 09 de novembro de 1944. Foi contemporâneo de Gilberto Gil no colégio em que estudou, em Salvador, tornando-se amigo do compositor e conhecendo também os irmãos Caetano Veloso e Maria Bethânia. Em 1966 mudou-se para o Rio de Janeiro, começando seus estudos de Jornalismo. Mesmo sem ter concluído o curso, iniciou-se na profissão trabalhando em diversos jornais cariocas, tendo criado e redigido a coluna "Geléia Geral" no jornal carioca "Última Hora". Um dos criadores do movimento tropicalista, é o autor de inúmeras letras de músicas de sucesso, entre as quais destacamos "Mamãe, Coragem", "Geléia Geral", "Domingou", "Louvação", "Pra dizer adeus", "Rancho da rosa encarnada" e "Marginália II".
Em 10 de novembro de 1972, suicidou-se deixando o seguinte bilhete: "Tenho saudade, como os cariocas, do dia em que sentia e achava que era dia de cego. De modo que fico sossegado por aqui mesmo, enquanto durar. Pra mim, chega! Não sacudam demais o Thiago, que ele pode acordar".
Em 1973, ocorreu a publicação póstuma de seu livro "Os Últimos Dias de Paupéria", organizado por Ana Maria Silva Duarte e Waly Salomão. Três anos depois, alguns de seus poemas foram incluídos na antologia "26 Poetas Hoje", organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. Em 1997, foram publicados quatro de seus poemas na antologia bilíngüe "Nothing the Sun Could Not Explain", organizada por Michael Palmer, Régis Bonvicino e Nelson Ascher.
O poema acima foi publicado no livro "Os Últimos Dias de Paupéria", Max Limonad - Rio de Janeiro, 1973, e selecionado por Ítalo Moriconi para figurar no livro "Os cem melhores poemas brasileiros do século", Objetiva - Rio de Janeiro, 2001, pág. 269.
Outros poemas de Torquato Neto:
Marginália II
(música gravada por Gilberto Gil com os Mutantes em 1968)
Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu pecado
Meu sonho desesperado
Meu bem guardado segredo
Minha aflição
Eu, brasileiro, confesso
Minha culpa, meu degredo
Pão seco de cada dia
Tropical melancolia
Negra solidão
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui, o Terceiro Mundo
Pede a bênção e vai dormir
Entre cascatas, palmeiras
Araçás e bananeiras
Ao canto da juriti
Aqui, meu pânico e glória
Aqui, meu laço e cadeia
Conheço bem minha história
Começa na lua cheia
E termina antes do fim
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Minha terra tem palmeiras
Onde sopra o vento forte
Da fome, do medo e muito
Principalmente da morte
Olelê, lalá
A bomba explode lá fora
E agora, o que vou temer?
Oh, yes, nós temos banana
Até pra dar e vender
Olelê, lalá
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
Aqui é o fim do mundo
O Poeta é a Mãe das Armas
O Poeta é a mãe das armas
& das Artes em geral —
alô, poetas: poesia
no país do carnaval;
Alô, malucos: poesia
não tem nada a ver com os versos
dessa estação muito fria.
O Poeta é a mãe das Artes
& das armas em geral:
quem não inventa as maneiras
do corte no carnaval
(alô, malucos), é traidor
da poesia: não vale nada, lodal.
A poesia é o pai da ar-
timanha de sempre: quent
ura no forno quente
do lado de cá, no lar
das coisas malditíssimas;
alô poetas: poesia!
poesia poesia poesia poesia!
O poeta não se cuida ao ponto
de não se cuidar: quem for cortar meu cabelo
já sabe: não está cortando nada
além da MINHA bandeira ////////// =
sem aura nem baúra, sem nada mais pra contar.
Isso: ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. ar. a
r: em primeiríssimo, o lugar.
poetemos pois
torquato neto /8/11/71 & sempre.
A rua
Toda rua tem seu curso
Tem seu leito de água clara
Por onde passa a memória
Lembrando histórias de um tempo
Que não acaba
De uma rua, de uma rua
Eu lembro agora
Que o tempo, ninguém mais
Ninguém mais canta
Muito embora de cirandas
(Oi, de cirandas)
E de meninos correndo
Atrás de bandas
Atrás de bandas que passavam
Como o rio Parnaíba
O rio manso
Passava no fim da rua
E molhava seus lajedos
Onde a noite refletia
O brilho manso
O tempo claro da lua
Ê, São João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Ê, Parnaíba passando
Separando a minha rua
Das outras, do Maranhão
De longe pensando nela
Meu coração de menino
Bate forte como um sino
Que anuncia procissão
Ê, minha rua, meu povo
Ê, gente que mal nasceu
Das Dores, que morreu cedo
Luzia, que se perdeu
Macapreto, Zé Velhinho
Esse menino crescido
Que tem o peito ferido
Anda vivo, não morreu
Ê, Pacatuba
Meu tempo de brincar já foi-se embora
Ê, Parnaíba
Passando pela rua até agora
Agora por aqui estou com vontade
E eu volto pra matar esta saudade
Ê, São João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Literato cantabile
agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto pode ser o fim
do seu início
agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em minha orla
os pássaros de sempre cantam assim,
do precipício:
a guerra acabou
quem perdeu agradeça
a quem ganhou.
não se fala. não é permitido
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos
está vetado qualquer movimento
do corpo ou onde quer que alhures.
toda palavra envolve o precipício
e os literatos foram todos para o hospício
e não se sabe nunca mais do mim. agora o nunca.
agora não se fala nada, sim. fim. a guerra
acabou
e quem perdeu agradeça a quem ganhou.
21-10
Agora não se fala mais
toda palavra guarda uma cilada
e qualquer gesto é o fim
do seu início:
Agora não se fala nada
e tudo é transparente em cada forma
qualquer palavra é um gesto
e em sua orla
os pássaros de sempre cantam
nos hospícios.
Você não tem que me dizer
o número de mundo deste mundo
não tem que me mostrar
a outra face
face ao fim de tudo:
só tem que me dizer
o nome da república do fundo
o sim do fim
do fim de tudo
e o tem do tempo vindo:
não tem que me mostrar
a outra mesma face ao outro mundo
(não se fala. não é permitido:
mudar de idéia. é proibido.
não se permite nunca mais olhares
tensões de cismas crises e outros tempos.
está vetado qualquer movimento
Let’s Play That
quando eu nasci
um anjo louco muito louco
veio ler a minha mão
não era um anjo barroco
era um anjo muito louco, torto
com asas de avião
eis que esse anjo me disse
apertando a minha mão
com um sorriso entre dentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
vai bicho desafinar
o coro dos contentes
let’s play that
da Série "Sintonia de nossa Sincronia"
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Ritos de passagem 2
Ritos de passagem
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ritos de passagem são celebrações que marcam mudanças de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. Os ritos de passagem podem ter caráter religioso, por exemplo. Cada religião tem seus ritos, sendo parecidos com de outras religiões, ou não.
O termo foi popularizado pelo antropólogo alemão Arnold van Gennep no início do século vinte. Outras teorias foram desenvolvidas por Mary Douglas e Victor Turner na década de 1960. Os ritos de passagem são realizados de diversas formas, dependendo da situação celebrada; desde rituais místicos ou religiosos até assinatura de papéis (ou ainda os dois juntos).
Em todas as sociedades primitivas, determinados momentos na vida de seus membros eram marcados por cerimônias especiais, conhecidas como ritos de iniciação ou de passagem. Essas cerimônias, mais do que representarem uma transição particular para o indivíduo, representava igualmente a sua progressiva aceitação e participação na sociedade na qual estava inserido, tendo, portanto tanto o cunho individual quanto o coletivo.
Geralmente, a primeira dessas cerimônias era praticada dentro do próprio ambiente familiar, logo em seguida ao nascimento. Nesse rito, o recém-nascido era apresentado aos seus antecedentes diretos, e era reconhecido como sendo parte da linhagem ancestral. Seu nome, previamente escolhido, era então pronunciado para ele pela primeira vez, de forma solene. Alguns anos mais tarde, ao atingir a puberdade, o jovem passava por outra cerimônia.
Para as mulheres, isso se dava geralmente no momento da primeira menstruação, marcando o fato que, entrando no seu período fértil, estava apta a preparar-se para o casamento.
Para os rapazes, essa cerimônia geralmente se dava no momento em que ele fazia a caça e o abate do primeiro animal. Ligadas, portanto, ao derramamento de sangue, essas cerimônias significavam a integração daquela pessoa como membro produtivo da tribo: ao derramar sangue para a preservação da comunidade (pela procriação ou pela alimentação), ela estava simbolicamente misturando o seu próprio sangue ao sangue do seu clã.
Variadas cerimônias marcavam, ainda, a idade adulta. Entre os nativos norte-americanos, algumas tribos praticavam um rito onde a pele do peito dos jovens guerreiros era trespassada por espetos e repuxada por cordas. A dor e o sangue derramado eram, dessa forma, considerados como uma retribuição à Terra das dádivas que a tribo recebera até ali. Outras cerimônias seguiam-se, ao longo da vida. O casamento era uma delas, e os ritos fúnebres eram considerados como a última transição, aquela que propiciava a entrada no reino dos mortos e garantia o retorno futuro ao mundo dos vivos.
Todas essas cerimônias, no entanto, marcavam pontos de desprendimento. Velhas atitudes eram abandonadas e novas deviam ser aceitas. A convivência com algumas pessoas devia ser deixada para trás e novas pessoas passavam a constituir o grupo de relacionamento direto. Muitas vezes, a cada uma dessas cerimônias, a pessoa trocava de nome, representando que aquela identidade que assumira até então, não mais existia - ela era uma nova pessoa.
Nos tempos atuais e nas sociedades modernas, muitos desses ritos subsistiram embora muitos deles esvaziados do seu conteúdo simbólico. Batismo e festas de aniversário de 15 anos, por exemplo, são resquícios desse tipo de cerimônia, que hoje representam muito mais um compromisso social do que a marcação do início de uma nova fase na vida do indivíduo. No entanto, a troca do símbolo pela ostentação pura e simples, acaba criando a desestruturação do padrão social.
Tomando o batizado cristão como exemplo, poderia-se perguntar quantas pessoas que batizam os seus filhos são, realmente, cristãs. Quantas pretendem realmente cumprir a promessa solene, feita em frente ao seu sacerdote, de manter a criança na fé dos seus antepassados? Obviamente, nas sociedades primitivas, tais promessas eram obrigações indiscutíveis e sagradas. Rompê-las era colocar em risco a própria sobrevivência da tribo como unidade coerente, o que não era, ao menos, cogitável.
A Iniciação dos Xamãs e Heróis:
Ao lado dos ritos que abordamos, de certa forma institucionalizada e regulada pela família e pela sociedade, havia outros ritos específicos, que poderiam configurar uma categoria distinta de passagem ou iniciação. Embora pudessem acontecer depois de alguma preparação, era comum que esses ritos ocorressem espontâneamente, a partir de uma casualidade que era então tida como propiciada pelos deuses. Estes eram os ritos de iniciação dos xamãs ou dos heróis. Muitas pessoas, após passarem incólumes por algum tipo de experiência traumática, que poderia ter provocado a sua morte, eram consideradas como pertencendo a uma classe especial.
Estados semicomatosos induzidos por doenças, picada de animais peçonhentos, etc, eram normalmente considerados como modificadores da pessoa, que retornaria desses estados possuindo uma nova e mais clara visão do mundo. Essas pessoas, geralmente, eram alçadas à condição de xamãs pela tribo.
Por um outro lado, o contrário também poderia acontecer: dentro do processo normal de treinamento de um xamã, chegavam-se-se a um ponto em que determinadas provas deveriam ser enfrentadas, para que o treinando comprovasse a sua capacidade de enfrentar seus medos e seus próprios limites físicos e mentais.
Isolamento, frio, fome, às vezes extremos, eram utilizados nesse sentido. A idéia aqui, portanto, não era a de rito de passagem simplesmente como transição de um período para outro da vida, mas também como de um estado de consciência para outro. Ou seja: essa forma de rito não depreendia uma idade ou ocasião específica, e nem ao menos uma cerimônia específica. Poderia acontecer a qualquer momento da vida, por acaso ou por escolha própria, e tinha um cunho de transformação de personalidade mais profundo, geralmente associado a uma missão a cumprir, após a iniciação. O caráter de morte e renascimento nesses ritos era profundamente marcado.
Vê-se tal caráter em diversas lendas de heróis mitológicos, como, por exemplo, no mito egípcio de Osíris, que possui todas as características associadas ao processo das iniciações míticas.
Osíris era uma divindade civilizadora - a ele era atribuída a invenção da escrita e o desenvolvimento da agricultura. No mito, seu corpo é despedaçado e espalhado por todo o Egito; em seguida sua esposa Ísis empreende uma longa busca pelos seus pedaços, e reúne-os para que ele gere com ela seu filho Hórus, que irá prosseguir seu trabalho civilizador. Há de se notar que Ísis, além de esposa, era irmã de Osíris, ou seja: a idéia é que os dois, na verdade, eram duas faces distintas de uma mesma pessoa.
Osíris representa o aspecto de nossos conhecimentos prévios que hão de ser desfeitos, ao passo que Ísis representa a parte de nós que realiza a busca e a reconstrução. Note-se, também, que Osíris (o conhecimento), após ser reconstruído, não permanece existindo, mas apenas cumpre a função de gerar em Ísis um novo ser, filho da fusão entre as duas partes.
A mensagem, portanto, é: aquele que busca o conhecimento deverá morrer (perder a individualidade, desfazer-se), recolher suas partes através de um árduo e longo trabalho e, por fim, transformar-se em um novo ser, com uma missão a cumprir.
Religiões afro-brasileiras:
Os ritos de passagem são inseridos em algumas das religiões afro-brasileiras mas onde estão mais presentes é no Culto de Ifá, Candomblé e Culto aos Egungun, que seguindo as tradições africanas fazem o ritual do nascimento, ritual do nome quando uma criança é apresentada ao Orun e ao Tempo, ritual de iniciação ou feitura de santo, algumas fazem o ritual do casamento, o ritual fúnebre e o ritual do Axexê quando a pessoa iniciada morre.
Umbanda e Quimbanda:
A Umbanda e Quimbanda não incluem os ritos de passagem, nem feitura de santo propriamente dita, uma vez que não incorporam Orixás incorporam os Falangeiros de Orixás, usa-se o termo fazer a cabeça onde pode existir a catulagem e pintura, porém a cabeça não é raspada completamente, e não tem imposição do adoxú. A reclusão nesses casos é de três a sete dias, é feita a instrução esotérica, aprendizado das rezas e pontos riscados e cantados, e é feita a apresentação pública.
Outras religiões:
A cerimonia de batismo è um exemplo de ritual praticado por judeus e cristões ao longo da història, que simboliza a admissão na comunidade religiosa. A circuncisão, oito dias após o nascimento, é uma cerimonia de iniciação judaica.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ritos de passagem são celebrações que marcam mudanças de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. Os ritos de passagem podem ter caráter religioso, por exemplo. Cada religião tem seus ritos, sendo parecidos com de outras religiões, ou não.
O termo foi popularizado pelo antropólogo alemão Arnold van Gennep no início do século vinte. Outras teorias foram desenvolvidas por Mary Douglas e Victor Turner na década de 1960. Os ritos de passagem são realizados de diversas formas, dependendo da situação celebrada; desde rituais místicos ou religiosos até assinatura de papéis (ou ainda os dois juntos).
Em todas as sociedades primitivas, determinados momentos na vida de seus membros eram marcados por cerimônias especiais, conhecidas como ritos de iniciação ou de passagem. Essas cerimônias, mais do que representarem uma transição particular para o indivíduo, representava igualmente a sua progressiva aceitação e participação na sociedade na qual estava inserido, tendo, portanto tanto o cunho individual quanto o coletivo.
Geralmente, a primeira dessas cerimônias era praticada dentro do próprio ambiente familiar, logo em seguida ao nascimento. Nesse rito, o recém-nascido era apresentado aos seus antecedentes diretos, e era reconhecido como sendo parte da linhagem ancestral. Seu nome, previamente escolhido, era então pronunciado para ele pela primeira vez, de forma solene. Alguns anos mais tarde, ao atingir a puberdade, o jovem passava por outra cerimônia.
Para as mulheres, isso se dava geralmente no momento da primeira menstruação, marcando o fato que, entrando no seu período fértil, estava apta a preparar-se para o casamento.
Para os rapazes, essa cerimônia geralmente se dava no momento em que ele fazia a caça e o abate do primeiro animal. Ligadas, portanto, ao derramamento de sangue, essas cerimônias significavam a integração daquela pessoa como membro produtivo da tribo: ao derramar sangue para a preservação da comunidade (pela procriação ou pela alimentação), ela estava simbolicamente misturando o seu próprio sangue ao sangue do seu clã.
Variadas cerimônias marcavam, ainda, a idade adulta. Entre os nativos norte-americanos, algumas tribos praticavam um rito onde a pele do peito dos jovens guerreiros era trespassada por espetos e repuxada por cordas. A dor e o sangue derramado eram, dessa forma, considerados como uma retribuição à Terra das dádivas que a tribo recebera até ali. Outras cerimônias seguiam-se, ao longo da vida. O casamento era uma delas, e os ritos fúnebres eram considerados como a última transição, aquela que propiciava a entrada no reino dos mortos e garantia o retorno futuro ao mundo dos vivos.
Todas essas cerimônias, no entanto, marcavam pontos de desprendimento. Velhas atitudes eram abandonadas e novas deviam ser aceitas. A convivência com algumas pessoas devia ser deixada para trás e novas pessoas passavam a constituir o grupo de relacionamento direto. Muitas vezes, a cada uma dessas cerimônias, a pessoa trocava de nome, representando que aquela identidade que assumira até então, não mais existia - ela era uma nova pessoa.
Nos tempos atuais e nas sociedades modernas, muitos desses ritos subsistiram embora muitos deles esvaziados do seu conteúdo simbólico. Batismo e festas de aniversário de 15 anos, por exemplo, são resquícios desse tipo de cerimônia, que hoje representam muito mais um compromisso social do que a marcação do início de uma nova fase na vida do indivíduo. No entanto, a troca do símbolo pela ostentação pura e simples, acaba criando a desestruturação do padrão social.
Tomando o batizado cristão como exemplo, poderia-se perguntar quantas pessoas que batizam os seus filhos são, realmente, cristãs. Quantas pretendem realmente cumprir a promessa solene, feita em frente ao seu sacerdote, de manter a criança na fé dos seus antepassados? Obviamente, nas sociedades primitivas, tais promessas eram obrigações indiscutíveis e sagradas. Rompê-las era colocar em risco a própria sobrevivência da tribo como unidade coerente, o que não era, ao menos, cogitável.
A Iniciação dos Xamãs e Heróis:
Ao lado dos ritos que abordamos, de certa forma institucionalizada e regulada pela família e pela sociedade, havia outros ritos específicos, que poderiam configurar uma categoria distinta de passagem ou iniciação. Embora pudessem acontecer depois de alguma preparação, era comum que esses ritos ocorressem espontâneamente, a partir de uma casualidade que era então tida como propiciada pelos deuses. Estes eram os ritos de iniciação dos xamãs ou dos heróis. Muitas pessoas, após passarem incólumes por algum tipo de experiência traumática, que poderia ter provocado a sua morte, eram consideradas como pertencendo a uma classe especial.
Estados semicomatosos induzidos por doenças, picada de animais peçonhentos, etc, eram normalmente considerados como modificadores da pessoa, que retornaria desses estados possuindo uma nova e mais clara visão do mundo. Essas pessoas, geralmente, eram alçadas à condição de xamãs pela tribo.
Por um outro lado, o contrário também poderia acontecer: dentro do processo normal de treinamento de um xamã, chegavam-se-se a um ponto em que determinadas provas deveriam ser enfrentadas, para que o treinando comprovasse a sua capacidade de enfrentar seus medos e seus próprios limites físicos e mentais.
Isolamento, frio, fome, às vezes extremos, eram utilizados nesse sentido. A idéia aqui, portanto, não era a de rito de passagem simplesmente como transição de um período para outro da vida, mas também como de um estado de consciência para outro. Ou seja: essa forma de rito não depreendia uma idade ou ocasião específica, e nem ao menos uma cerimônia específica. Poderia acontecer a qualquer momento da vida, por acaso ou por escolha própria, e tinha um cunho de transformação de personalidade mais profundo, geralmente associado a uma missão a cumprir, após a iniciação. O caráter de morte e renascimento nesses ritos era profundamente marcado.
Vê-se tal caráter em diversas lendas de heróis mitológicos, como, por exemplo, no mito egípcio de Osíris, que possui todas as características associadas ao processo das iniciações míticas.
Osíris era uma divindade civilizadora - a ele era atribuída a invenção da escrita e o desenvolvimento da agricultura. No mito, seu corpo é despedaçado e espalhado por todo o Egito; em seguida sua esposa Ísis empreende uma longa busca pelos seus pedaços, e reúne-os para que ele gere com ela seu filho Hórus, que irá prosseguir seu trabalho civilizador. Há de se notar que Ísis, além de esposa, era irmã de Osíris, ou seja: a idéia é que os dois, na verdade, eram duas faces distintas de uma mesma pessoa.
Osíris representa o aspecto de nossos conhecimentos prévios que hão de ser desfeitos, ao passo que Ísis representa a parte de nós que realiza a busca e a reconstrução. Note-se, também, que Osíris (o conhecimento), após ser reconstruído, não permanece existindo, mas apenas cumpre a função de gerar em Ísis um novo ser, filho da fusão entre as duas partes.
A mensagem, portanto, é: aquele que busca o conhecimento deverá morrer (perder a individualidade, desfazer-se), recolher suas partes através de um árduo e longo trabalho e, por fim, transformar-se em um novo ser, com uma missão a cumprir.
Religiões afro-brasileiras:
Os ritos de passagem são inseridos em algumas das religiões afro-brasileiras mas onde estão mais presentes é no Culto de Ifá, Candomblé e Culto aos Egungun, que seguindo as tradições africanas fazem o ritual do nascimento, ritual do nome quando uma criança é apresentada ao Orun e ao Tempo, ritual de iniciação ou feitura de santo, algumas fazem o ritual do casamento, o ritual fúnebre e o ritual do Axexê quando a pessoa iniciada morre.
Umbanda e Quimbanda:
A Umbanda e Quimbanda não incluem os ritos de passagem, nem feitura de santo propriamente dita, uma vez que não incorporam Orixás incorporam os Falangeiros de Orixás, usa-se o termo fazer a cabeça onde pode existir a catulagem e pintura, porém a cabeça não é raspada completamente, e não tem imposição do adoxú. A reclusão nesses casos é de três a sete dias, é feita a instrução esotérica, aprendizado das rezas e pontos riscados e cantados, e é feita a apresentação pública.
Outras religiões:
A cerimonia de batismo è um exemplo de ritual praticado por judeus e cristões ao longo da història, que simboliza a admissão na comunidade religiosa. A circuncisão, oito dias após o nascimento, é uma cerimonia de iniciação judaica.
Ritos de passagem 1
REVISTA PLANETA - EDIÇÃO 404 - ABRIL /2006 - CAPA
RITOS DE PASSAGEM:
Como é difícil virar adulto:
Parece que a cada dia fica mais difícil abandonar a infância e a adolescência e tornar-se adulto. Tão difícil que muitos jovens esticam a adolescência até os 30, 40 anos de idade, com medo de sair do confortável ninho da casa dos pais para cair num mundo duro de enfrentar. Uma passagem realmente difícil, mas que se tornou ainda mais difícil com o desaparecimento dos ritos que exigiam grandes provações e garantiam uma transição firme e segura.
POR MARIA IGNEZ TEIXEIRA FRANÇA
Nova identidade: No Alto Xingu, um jovem da etnia yawalapiti se submete a ritual de passagem onde sua pele é arranhada até sangrar com o uso de dentes de peixe.
Para diminuir o estresse dos alunos que mudam de série, algumas escolas particulares da cidade de São Paulo começaram a adotar algumas medidas que chamaram de “ritos de passagem”. Na verdade, são alguns truques que ajudam os alunos num período de mudanças e transformações. Assim, para quem irá passar de uma escola pequena para um grande prédio, são oferecidas uma série de visitas, especialmente na hora do recreio, que antecipam a convivência com os futuros colegas mais velhos. Ou então, para quem está acostumado com todas as matérias dadas por um só professor, a idéia é introduzir mais um ou dois professores no final do semestre, evitando assim o “choque” de ter um professor para cada matéria. Essas e outras medidas, no entanto, não aliviarão o inevitável aumento de responsabilidades, assim como não amenizarão a descoberta de como é dura a vida. Mesmo assim, adolescentes e pré-adolescentes terão de enfrentar sozinhos, dali em diante, um mundo onde imperam a competição, a concorrência e as batalhas árduas para conquistar espaço no trabalho, na sociedade, na vida amorosa e até em família.
A necessidade de estabelecer mecanismos que ajudem a passagem da infância para a adolescência, e desta para a idade adulta, é tão velha quanto a existência do homem na Terra. Culturas de todo o mundo têm adotado, ao longo dos séculos, aquilo que os antropólogos chamam de “ritos de passagem”: rituais que acompanham as mudanças de lugar, idade, estado e posição na sociedade, de modo a reduzir as perturbações nocivas que tais mudanças podem ocasionar. Entre as centenas de exemplos, um dos mais intrigantes é o de uma cidade lacustre do Benin, onde os jovens mergulham no fundo do lago e dali só saem (dizem) depois de seis meses, com uma lágrima escarificada no canto de cada olho. Nesses seis meses são pranteados por seus familiares como se estivessem mortos, ao mesmo tempo em que passam a formar uma fraternidade com as divindades das águas, seus novos “pais”. Claro que nada disso é real, da mesma forma que não são reais os “causos” contados por esse nosso Brasil afora, tais como o do que boto rapta as moças bonitas e do mateiro que vira onça. Embora não fiquem submersos, os jovens vivem durante seis meses em algum lugar, onde são submetidos a provas violentas, dolorosas até, com uma única finalidade: crescer.
Atração pelo perigo:
Rituais de iniciação de todos os tipos ainda existem de montão em todos os continentes: circuncisão nas sociedades da África Ocidental, seções de tatuagens nas sociedades da Indonésia, ritos de subincisão na Austrália e por aí vai. Só que atualmente nem todos os jovens parecem aceitar completamente tais ritos, mesmo nos cantos mais longínquos do planeta. É que muitos começam a pensar em seu futuro num mundo globalizado e preferem evitar os rituais que deixam marcas visíveis que os tornariam alvo de preconceitos ou de restrições.
As modernas sociedades não fornecem mais iniciações existenciais. O contato com a natureza se dessacralizou, as viagens transformaram-se em turismo de massa e perderam suas virtudes transformadoras, as provas físicas são meramente competitivas e não mais associadas ao desenvolvimento espiritual. A verdade é que hoje vivemos espremidos entre o tempo que nos parece passar depressa demais e um futuro incerto demais. E só um presente vivido intensamente pode fazer frente às intermináveis esperas de quem vive entre a puberdade e o fim da adolescência, uma faixa etária que pelo Estatuto da Criança e do Adolescente vai dos 12 aos 19 anos, embora dê sinais de que se inicie cada vez mais cedo e se prolongue até bem mais tarde.
Sem ritos de passagem, os jovens buscam substitutivos. Alguns se apegam às tradições da vida civil, cumprindo à risca os rituais típicos dos tempos de seus bisavós, tais como a seqüência noivado – casamento com o vestuário, a pompa e a circunstância de outrora. Outros tomam o rumo oposto e se arriscam em manifestações de selvageria, mergulhando na droga, na delinqüência ou no fundamentalismo religioso. Há quem fique nas pequenas transgressões, como dirigir sem ter carteira de habilitação ou colar nas provas. Mas a atração pelo perigo às vezes ultrapassa o limite da sensatez, como manter relações sexuais sem preservativos, arriscando-se a uma doença sexualmente transmissível ou uma gravidez precoce. Por imprudência, rebeldia ou vontade de ser adulto antes do tempo, aproximadamente 693.101 adolescentes se tornaram mães no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Na França calcula-se que dez mil garotas engravidem a cada ano, nos Estados Unidos o número chega a um milhão.
Aposta-se no risco, no frenesi de viver. Em alguns países europeus, jovens da periferia se reúnem nas noites de sábado e “se divertem” dirigindo numa rodovia, na contramão, pisando fundo no acelerador. No Brasil, os jovens de periferia “surfam” no alto dos vagões de trem ou na capota dos ônibus. Nos Estados Unidos, cerca de um milhão de adolescentes, por ano, vão para a escola armados.
O jogador Giovane exibe sua tatuagem. Ao centro, a médica Mamisa Chabula mostra o instrumento que utiliza para fazer essas circuncisões. E, à direita, meninos da etnia xhosa, na África do Sul, se preparam para um importante rito de passagem: a circuncisão.
Outra vertente é a dos jovens que concentram suas atenções no próprio corpo: tatuagens, piercings e outros sinais exteriores de ser parte de um grupo e de ter escolhido passar por uma dor iniciática. Mas, como essas marcas corporais dispensam a mediação de uma cerimônia e também não garantem nenhuma transformação interior do indivíduo, não refletem nada além delas mesmas. São meros adereços, permanecem no domínio da aparência, ao contrário do que acontecia há milhares de anos, quando a necessidade de marcar a pele tinha origem na submissão aos deuses, na resistência aos maus espíritos ou simplesmente na dignidade de ser um homem. O “artesanato” corporal atinge limites inimagináveis, como cortar a pele com lâmina de barbear ou cacos de vidro, fazer o possível para ficar com anorexia ou bulimia.
Sonhadores e realistas:
Para esses jovens, o próprio corpo não tem nenhum valor, principalmente valor mercantil, uma vez que o mundo do trabalho os recusa. Afinal, colocar-se em risco não tem mais nenhuma importância. Flertar com a morte ou chegar muito perto dela para nunca mais sentir medo ou então para provar um paradoxal desejo de viver.
Danças, transes, transas, vertigens, magia, jogos, cerimonias, cultos, exaltações… Todos nós temos, em nosso inconsciente coletivo, um desejo latente de festa anárquica, de bacanal, de transgressão do modelo cultural de nossas festas ocidentais, para nos soltarmos e delirarmos com os outros, numa espécie de embriaguez mística. A história nos ensina que a necessidade de euforia se situa estreitamente ligada ao desejo de religião. Mas, para quem vive no limite, qualquer meio vale para alcançar esse estado, até mesmo o ecstasy, o álcool e a maconha de fácil acesso. A cada dia aumenta o número de jovens (e os nem tão jovens) que fazem uso de drogas, tanto as “leves” – maconha, haxixe, ecstasy, até os tranqüilizantes e o álcool, legalmente aceitos pela sociedade – como as “pesadas”, dentre as quais a heroína e o crack.
Inicialmente chega-se à droga por curiosidade e por uma forma de insatisfação: a “realidade cotidiana” não se basta a si mesma, e a maneira na qual vivemos essa realidade não nos permite uma percepção dos sentidos. Porém, a utilização de um psicotrópico tem ao menos dois efeitos: a realidade cotidiana nos parecerá mais satisfatória e teremos a capacidade de elevar nosso nível de consciência a um nível que não era percebido ou compreendido, por um curto momento durante o qual nossa vida terá sentido, talvez algo não exprimível de maneira lógica, mas apercebido como convincente por estar associado a sensações intensas.
Entre nós, o fato de usar alguma substância por compensação, por que a vida não é satisfatória, coloca em evidência a primeira droga dentre todas: o sonho. O que fazemos diante de um cotidiano insatisfatório? Desde a infância, existem dois tipos de comportamento: de um lado, aqueles que preferem agir e transformar esse cotidiano fazendo esforços; de outro, os que sonham com um outro cotidiano, mas que preferem ali se refugiar inteiramente, esquecendo-se de uma realidade muito dura, onde são dominados, impotentes, infelizes.
Aliás, mesmo aqueles que fazem esforços para transformar o mundo têm necessidade do sonho – ele funciona como um esboço do projeto que tentarão materializar. Esses talvez conheçam a materialização de seu sonho, e com certeza a alegria da prática e do esforço. Os outros, os que não agem, encontrarão também uma forma de gratificação na compensação interior que leva a um universo de sonhos. Mas, chegará a hora em que esse sonho não será tão forte, abrindo espaço para o uso das drogas. Algumas têm a propriedade de fazer os sonhos mais consistentes, mais intensos, mais reais do que eles são, levando o sonhador insatisfeito a aumentar suas doses.
São maiores, portanto, os riscos que correm os jovens nesses momentos verdadeiramente iniciáticos, em que procuram converter o sonho em realidade. Se o adolescente de hoje – que não está enquadrado em nenhum ritual de passagem e que sofre com o esforço de compreender o que se passa com ele – tomar alguma substância alucinógena, vai vivenciar alguma coisa duplamente xamânica. Essa substância, que tem o poder de intensificar seu sonho e de lhe dar uma realidade interior por algum tempo, faz com que ele questione os mecanismos de crença no mundo. Se isso acontece muito cedo, esse questionamento pode desmotivar completamente o indivíduo, que não se esforçará mais: ao verificar como os adultos se comportam e têm objetivos fúteis, se desmotivará a ponto de rejeitar completamente o sistema ao qual ele está sendo estimulado a adentrar.
Sentido iniciático do rito de passagem:
Chamam-se ritos de passagem as cerimônias que marcam a passagem de um indivíduo ou grupo de uma fase ou ciclo de vida para outro. Desde o início dos tempos históricos, sabe-se que todas as culturas e civilizações criaram seus próprios ritos de passagem. São exemplos de ritos de passagem o batismo e a primeira comunhão dos católicos e o bar mitzvah dos judeus. Rituais como esses ainda são praticados, mas o profundo sentido iniciático que eles encerram perdeu-se quase completamente.
Esses ritos servem para solenizar certos momentos da vida humana, como nascimento, casamento e morte. Provavelmente, porém, sua maior função é ajudar os jovens a superar a crise psicológica que freqüentemente acompanha a mudança de uma idade para outra – da infância para a adolescência e desta para a idade adulta.
Certas correntes da moderna psicologia consideram que a quase total ausência de ritos de passagem na sociedade contemporânea é uma das principais causas do grande número de casos de jovens despreparados preparados para as dificuldades da vida adulta, inadaptados à dura realidade do mundo e que, por essa razão, preferem existir como eternas crianças ou adolescentes.
Iniciação necessária:
Segundo o jornalista Fabrice Hervieu-Wane, que foi consultor para o Unicef na África, autor de diversos artigos sobre educação e do livro Une boussole pour la vie – Les nouveaux rites de passage (Ed. Albin Michel), “se quisermos que as novas gerações vivam em um mundo pleno de sentido, precisamos inventar novas provas para aprender a transformar o suor e as lágrimas em força de vida”.
Do ponto de vista iniciático, não existe crescimento sem crise. Diante de uma crise, podemos nos comportar apenas de duas maneiras: enfrentá-la ou ser vítima. Se não aprendemos a gerenciar a crise, precisamos passar por ela. E, através de nosso comportamento, iremos gerar crises de que temos necessidades para crescer.
Se todos concordam que é hora de rever e reabilitar os ritos de passagem que ajudariam os jovens a crescer, é hora também de arregaçar as mangas e promover um debate multidisciplinar capaz de orientar e iluminar um caminho para a criação de novos ritos. Sem nostalgia. Nosso mundo tem necessidade de ritos modernos e positivos, de cerimônias reposicionadas, originais e entusiásticas, de reencontros profundos com a morte e o renascimento simbólicos.
O que há para ler:
Nascer não basta – Iniciação e toxicodependência.
Luigi Zoja - Axis Mundi - Editora Três.
RITOS DE PASSAGEM:
Como é difícil virar adulto:
Parece que a cada dia fica mais difícil abandonar a infância e a adolescência e tornar-se adulto. Tão difícil que muitos jovens esticam a adolescência até os 30, 40 anos de idade, com medo de sair do confortável ninho da casa dos pais para cair num mundo duro de enfrentar. Uma passagem realmente difícil, mas que se tornou ainda mais difícil com o desaparecimento dos ritos que exigiam grandes provações e garantiam uma transição firme e segura.
POR MARIA IGNEZ TEIXEIRA FRANÇA
Nova identidade: No Alto Xingu, um jovem da etnia yawalapiti se submete a ritual de passagem onde sua pele é arranhada até sangrar com o uso de dentes de peixe.
Para diminuir o estresse dos alunos que mudam de série, algumas escolas particulares da cidade de São Paulo começaram a adotar algumas medidas que chamaram de “ritos de passagem”. Na verdade, são alguns truques que ajudam os alunos num período de mudanças e transformações. Assim, para quem irá passar de uma escola pequena para um grande prédio, são oferecidas uma série de visitas, especialmente na hora do recreio, que antecipam a convivência com os futuros colegas mais velhos. Ou então, para quem está acostumado com todas as matérias dadas por um só professor, a idéia é introduzir mais um ou dois professores no final do semestre, evitando assim o “choque” de ter um professor para cada matéria. Essas e outras medidas, no entanto, não aliviarão o inevitável aumento de responsabilidades, assim como não amenizarão a descoberta de como é dura a vida. Mesmo assim, adolescentes e pré-adolescentes terão de enfrentar sozinhos, dali em diante, um mundo onde imperam a competição, a concorrência e as batalhas árduas para conquistar espaço no trabalho, na sociedade, na vida amorosa e até em família.
Tatuar-se corresponde à busca inconsciente de uma nova identidade
A necessidade de estabelecer mecanismos que ajudem a passagem da infância para a adolescência, e desta para a idade adulta, é tão velha quanto a existência do homem na Terra. Culturas de todo o mundo têm adotado, ao longo dos séculos, aquilo que os antropólogos chamam de “ritos de passagem”: rituais que acompanham as mudanças de lugar, idade, estado e posição na sociedade, de modo a reduzir as perturbações nocivas que tais mudanças podem ocasionar. Entre as centenas de exemplos, um dos mais intrigantes é o de uma cidade lacustre do Benin, onde os jovens mergulham no fundo do lago e dali só saem (dizem) depois de seis meses, com uma lágrima escarificada no canto de cada olho. Nesses seis meses são pranteados por seus familiares como se estivessem mortos, ao mesmo tempo em que passam a formar uma fraternidade com as divindades das águas, seus novos “pais”. Claro que nada disso é real, da mesma forma que não são reais os “causos” contados por esse nosso Brasil afora, tais como o do que boto rapta as moças bonitas e do mateiro que vira onça. Embora não fiquem submersos, os jovens vivem durante seis meses em algum lugar, onde são submetidos a provas violentas, dolorosas até, com uma única finalidade: crescer.
Atração pelo perigo:
Rituais de iniciação de todos os tipos ainda existem de montão em todos os continentes: circuncisão nas sociedades da África Ocidental, seções de tatuagens nas sociedades da Indonésia, ritos de subincisão na Austrália e por aí vai. Só que atualmente nem todos os jovens parecem aceitar completamente tais ritos, mesmo nos cantos mais longínquos do planeta. É que muitos começam a pensar em seu futuro num mundo globalizado e preferem evitar os rituais que deixam marcas visíveis que os tornariam alvo de preconceitos ou de restrições.
As modernas sociedades não fornecem mais iniciações existenciais. O contato com a natureza se dessacralizou, as viagens transformaram-se em turismo de massa e perderam suas virtudes transformadoras, as provas físicas são meramente competitivas e não mais associadas ao desenvolvimento espiritual. A verdade é que hoje vivemos espremidos entre o tempo que nos parece passar depressa demais e um futuro incerto demais. E só um presente vivido intensamente pode fazer frente às intermináveis esperas de quem vive entre a puberdade e o fim da adolescência, uma faixa etária que pelo Estatuto da Criança e do Adolescente vai dos 12 aos 19 anos, embora dê sinais de que se inicie cada vez mais cedo e se prolongue até bem mais tarde.
Sem ritos de passagem, os jovens buscam substitutivos. Alguns se apegam às tradições da vida civil, cumprindo à risca os rituais típicos dos tempos de seus bisavós, tais como a seqüência noivado – casamento com o vestuário, a pompa e a circunstância de outrora. Outros tomam o rumo oposto e se arriscam em manifestações de selvageria, mergulhando na droga, na delinqüência ou no fundamentalismo religioso. Há quem fique nas pequenas transgressões, como dirigir sem ter carteira de habilitação ou colar nas provas. Mas a atração pelo perigo às vezes ultrapassa o limite da sensatez, como manter relações sexuais sem preservativos, arriscando-se a uma doença sexualmente transmissível ou uma gravidez precoce. Por imprudência, rebeldia ou vontade de ser adulto antes do tempo, aproximadamente 693.101 adolescentes se tornaram mães no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Na França calcula-se que dez mil garotas engravidem a cada ano, nos Estados Unidos o número chega a um milhão.
Aposta-se no risco, no frenesi de viver. Em alguns países europeus, jovens da periferia se reúnem nas noites de sábado e “se divertem” dirigindo numa rodovia, na contramão, pisando fundo no acelerador. No Brasil, os jovens de periferia “surfam” no alto dos vagões de trem ou na capota dos ônibus. Nos Estados Unidos, cerca de um milhão de adolescentes, por ano, vão para a escola armados.
O jogador Giovane exibe sua tatuagem. Ao centro, a médica Mamisa Chabula mostra o instrumento que utiliza para fazer essas circuncisões. E, à direita, meninos da etnia xhosa, na África do Sul, se preparam para um importante rito de passagem: a circuncisão.
Outra vertente é a dos jovens que concentram suas atenções no próprio corpo: tatuagens, piercings e outros sinais exteriores de ser parte de um grupo e de ter escolhido passar por uma dor iniciática. Mas, como essas marcas corporais dispensam a mediação de uma cerimônia e também não garantem nenhuma transformação interior do indivíduo, não refletem nada além delas mesmas. São meros adereços, permanecem no domínio da aparência, ao contrário do que acontecia há milhares de anos, quando a necessidade de marcar a pele tinha origem na submissão aos deuses, na resistência aos maus espíritos ou simplesmente na dignidade de ser um homem. O “artesanato” corporal atinge limites inimagináveis, como cortar a pele com lâmina de barbear ou cacos de vidro, fazer o possível para ficar com anorexia ou bulimia.
Sonhadores e realistas:
Para esses jovens, o próprio corpo não tem nenhum valor, principalmente valor mercantil, uma vez que o mundo do trabalho os recusa. Afinal, colocar-se em risco não tem mais nenhuma importância. Flertar com a morte ou chegar muito perto dela para nunca mais sentir medo ou então para provar um paradoxal desejo de viver.
Danças, transes, transas, vertigens, magia, jogos, cerimonias, cultos, exaltações… Todos nós temos, em nosso inconsciente coletivo, um desejo latente de festa anárquica, de bacanal, de transgressão do modelo cultural de nossas festas ocidentais, para nos soltarmos e delirarmos com os outros, numa espécie de embriaguez mística. A história nos ensina que a necessidade de euforia se situa estreitamente ligada ao desejo de religião. Mas, para quem vive no limite, qualquer meio vale para alcançar esse estado, até mesmo o ecstasy, o álcool e a maconha de fácil acesso. A cada dia aumenta o número de jovens (e os nem tão jovens) que fazem uso de drogas, tanto as “leves” – maconha, haxixe, ecstasy, até os tranqüilizantes e o álcool, legalmente aceitos pela sociedade – como as “pesadas”, dentre as quais a heroína e o crack.
Inicialmente chega-se à droga por curiosidade e por uma forma de insatisfação: a “realidade cotidiana” não se basta a si mesma, e a maneira na qual vivemos essa realidade não nos permite uma percepção dos sentidos. Porém, a utilização de um psicotrópico tem ao menos dois efeitos: a realidade cotidiana nos parecerá mais satisfatória e teremos a capacidade de elevar nosso nível de consciência a um nível que não era percebido ou compreendido, por um curto momento durante o qual nossa vida terá sentido, talvez algo não exprimível de maneira lógica, mas apercebido como convincente por estar associado a sensações intensas.
Entre nós, o fato de usar alguma substância por compensação, por que a vida não é satisfatória, coloca em evidência a primeira droga dentre todas: o sonho. O que fazemos diante de um cotidiano insatisfatório? Desde a infância, existem dois tipos de comportamento: de um lado, aqueles que preferem agir e transformar esse cotidiano fazendo esforços; de outro, os que sonham com um outro cotidiano, mas que preferem ali se refugiar inteiramente, esquecendo-se de uma realidade muito dura, onde são dominados, impotentes, infelizes.
Limões na pele: À esq., na Malásia um hindu pratica ritual de purificação costurando limões na pele. Ao centro, o grupo teatral Alquimia dos Sonhos, de Brasília, encena peça sobre uso de drogas entre os jovens. À direita, também em Brasília, jovens desmaiam numa boate de tanto beber. Uso de álcool e drogas pode esconder a falta de ritoas de passagem.
São maiores, portanto, os riscos que correm os jovens nesses momentos verdadeiramente iniciáticos, em que procuram converter o sonho em realidade. Se o adolescente de hoje – que não está enquadrado em nenhum ritual de passagem e que sofre com o esforço de compreender o que se passa com ele – tomar alguma substância alucinógena, vai vivenciar alguma coisa duplamente xamânica. Essa substância, que tem o poder de intensificar seu sonho e de lhe dar uma realidade interior por algum tempo, faz com que ele questione os mecanismos de crença no mundo. Se isso acontece muito cedo, esse questionamento pode desmotivar completamente o indivíduo, que não se esforçará mais: ao verificar como os adultos se comportam e têm objetivos fúteis, se desmotivará a ponto de rejeitar completamente o sistema ao qual ele está sendo estimulado a adentrar.
Sentido iniciático do rito de passagem:
Chamam-se ritos de passagem as cerimônias que marcam a passagem de um indivíduo ou grupo de uma fase ou ciclo de vida para outro. Desde o início dos tempos históricos, sabe-se que todas as culturas e civilizações criaram seus próprios ritos de passagem. São exemplos de ritos de passagem o batismo e a primeira comunhão dos católicos e o bar mitzvah dos judeus. Rituais como esses ainda são praticados, mas o profundo sentido iniciático que eles encerram perdeu-se quase completamente.
Galinha viva: Em Jerusalém, durante o Yom Kippur, judeus ultraortodoxos se "purificam" com o auxílio de uma galinha viva. Segundo a crença, ao passar sobre suas cabeças o animal "absorve" os seus pecados. Chamado kaparot, esse ritual é idêntico a um outro praticado por tradições africanas e afor-brasileiras, como o candomblé.
Esses ritos servem para solenizar certos momentos da vida humana, como nascimento, casamento e morte. Provavelmente, porém, sua maior função é ajudar os jovens a superar a crise psicológica que freqüentemente acompanha a mudança de uma idade para outra – da infância para a adolescência e desta para a idade adulta.
Certas correntes da moderna psicologia consideram que a quase total ausência de ritos de passagem na sociedade contemporânea é uma das principais causas do grande número de casos de jovens despreparados preparados para as dificuldades da vida adulta, inadaptados à dura realidade do mundo e que, por essa razão, preferem existir como eternas crianças ou adolescentes.
Iniciação necessária:
Segundo o jornalista Fabrice Hervieu-Wane, que foi consultor para o Unicef na África, autor de diversos artigos sobre educação e do livro Une boussole pour la vie – Les nouveaux rites de passage (Ed. Albin Michel), “se quisermos que as novas gerações vivam em um mundo pleno de sentido, precisamos inventar novas provas para aprender a transformar o suor e as lágrimas em força de vida”.
Do ponto de vista iniciático, não existe crescimento sem crise. Diante de uma crise, podemos nos comportar apenas de duas maneiras: enfrentá-la ou ser vítima. Se não aprendemos a gerenciar a crise, precisamos passar por ela. E, através de nosso comportamento, iremos gerar crises de que temos necessidades para crescer.
Se todos concordam que é hora de rever e reabilitar os ritos de passagem que ajudariam os jovens a crescer, é hora também de arregaçar as mangas e promover um debate multidisciplinar capaz de orientar e iluminar um caminho para a criação de novos ritos. Sem nostalgia. Nosso mundo tem necessidade de ritos modernos e positivos, de cerimônias reposicionadas, originais e entusiásticas, de reencontros profundos com a morte e o renascimento simbólicos.
O que há para ler:
Nascer não basta – Iniciação e toxicodependência.
Luigi Zoja - Axis Mundi - Editora Três.
sábado, 14 de novembro de 2009
Hendrix plays National Anthem
Em 1969, no festival de música de Woodstock, a apresentação do guitarrista Jimi Hendrix foi um grande marco. Ele tocou o hino nacional americano, ao seu modo virtuoso, produzindo sons de metralhadoras e bombas para lembrar a toda a juventude da guerra que seu país fazia no Vietnã.
Momento inesquecível e que ficará para sempre na memória de todos que o conheceram. Jimi praticamente reiventou a guitarra, este instrumento nunca mais foi o mesmo depois dele e os maiores guitarristas sempre se referem a ele como O Maior!
Cronologia dos principais acontecimentos dos anos 60
Tanta coisa aconteceu nos anos 60!
Os Beatles e os Rollings Stones!
Martin Luther King, Jimi Hendrix....
Ditadura militar e Tropicalismo.... O início da carreira de Chico Buarque de Hollanda...
O homem, inclusive, pisou na lua!!!!!!!!!!!!
Clique no link e baixe uma cronologia da década de 60:
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&ved=0ahUKEwjEtIigmczUAhXB4SYKHaSbCcEQFgg1MAM&url=http%3A%2F%2Fconvenio.cursoanglo.com.br%2FDownload.aspx%3FTipo%3DDownload%26Extranet%3Dtrue%26Arquivo%3D2EEA3E7C-DBA1-47D7-8F5E-91D54A50A438%2FQuadro%2520Cronol%25C3%25B3gico%2520Literatura%2520sala%2520do%2520professor.pdf&usg=AFQjCNGl9c9-loh90A5tecE9etuM1IxUTw&sig2=HVfHpAmYMnF9cw9t03HXYA
Os Beatles e os Rollings Stones!
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O homem, inclusive, pisou na lua!!!!!!!!!!!!
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sexta-feira, 13 de novembro de 2009
Outra vez anos 60!!!
Mais alguns textos sobre os anos 60:
Salve a Seleção!!!
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A Era de Aquários
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A Igreja confusa
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A guerra dos seis dias
http://www.megaupload.com/?d=MCEMVIXF
Greves ilegais
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Personalidades 1 - Jane Fonda e Bob Dylan
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Mais alguns textos da revista Veja sobre os anos 60
Roberto Carlos - O Rei da Jovem Guarda - parte 1
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Roberto Carlos - O Rei da Jovem Guarda - parte 2
http://www.megaupload.com/?d=FYWKQD70
A passeata dos cem mil
http://www.megaupload.com/?d=4S2F5WZ0
O AI-5
http://www.megaupload.com/?d=W9XWUC0X
Barricadas na França - parte 1
http://www.megaupload.com/?d=QTWO5Y1P
Barricadas na França - parte 2
http://www.megaupload.com/?d=KAZCYFP7
O sequestro do embaixador americano no Brasil
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Roberto Carlos - O Rei da Jovem Guarda - parte 2
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Textos da Revista Veja Especial - dos anos 60 a 2008
Textos da Revista Veja especial sobre os anos 60 para leitura:
1968 - parte 1
http://www.megaupload.com/?d=U4LUXEWN
1968 - parte 2
http://www.megaupload.com/?d=B0S3GIOX
A música brasileira nos anos 60 - parte 1
http://www.megaupload.com/?d=JPBEAB34
A música brasileira nos anos 60 - parte 2
http://www.megaupload.com/?d=GD52FG0K
O movimento estudantil nos anos 60 parte - 1
http://www.megaupload.com/?d=KBV623TV
O movimento estudantil nos anos 60 - parte 2
http://www.megaupload.com/?d=K3J2GU2X
O festival de música de Woodstock
http://www.megaupload.com/?d=UMBR2WN7
1968 - parte 1
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1968 - parte 2
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A música brasileira nos anos 60 - parte 1
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A música brasileira nos anos 60 - parte 2
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O movimento estudantil nos anos 60 parte - 1
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O festival de música de Woodstock
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Os idosos do Brasil
Texto para ajudar a pensar sobre a VALORIZAÇÃO DOS IDOSOS (Tema da redação do ENEM-2009 que vazou).
Os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. O instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década, o número de idosos no Brasil cresceu 17%, em 1991, ele correspondia a 7,3% da população.
O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população - em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
A população brasileira vive, hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total), e a esperança de vida, a 70,3 anos.
O quadro é um retrato do que acontece com os países como o Brasil, que está envelhecendo ainda na fase do desenvolvimento. Já os países desenvolvidos tiveram um período maior, cerca de cem anos, para se adaptar. A geriatra Andrea Prates, do Centro Internacional para o Envelhecimento Saudável, prevê que, nas próximas décadas, três quartos da população idosa do mundo esteja nos países em desenvolvimento.
A importância dos idosos para o País não se resume à sua crescente participação no total da população. Boa parte dos idosos hoje são chefes de família e nessas famílias a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não-idosos. Segundo o Censo 2000, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando 8,9 milhões de pessoas. Além disso, 54,5% dos idosos chefes de família vivem com os seus filhos e os sustentam.
Os idosos no Brasil
Os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. O instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década, o número de idosos no Brasil cresceu 17%, em 1991, ele correspondia a 7,3% da população.
O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população - em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
A população brasileira vive, hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total), e a esperança de vida, a 70,3 anos.
O quadro é um retrato do que acontece com os países como o Brasil, que está envelhecendo ainda na fase do desenvolvimento. Já os países desenvolvidos tiveram um período maior, cerca de cem anos, para se adaptar. A geriatra Andrea Prates, do Centro Internacional para o Envelhecimento Saudável, prevê que, nas próximas décadas, três quartos da população idosa do mundo esteja nos países em desenvolvimento.
A importância dos idosos para o País não se resume à sua crescente participação no total da população. Boa parte dos idosos hoje são chefes de família e nessas famílias a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não-idosos. Segundo o Censo 2000, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando 8,9 milhões de pessoas. Além disso, 54,5% dos idosos chefes de família vivem com os seus filhos e os sustentam.
(Fonte: sítio do Serasa)
Entre Dionísos e Apolo - Cronologia das escolas literárias do Trovadorismo ao Pré-modernismo
Podemos entender facilmente as escolas literárias dividindo-as em duas linhas:.
As escolas literárias, também conhecidas como movimentos literários, são como as ondas do mar, feitas de altos e baixos. Os ápices destes movimentos se alteram por duas diferentes linhas de pensamento e estilo. A linha dionisíaca deriva do nome Dionísio, deus grego do vinho e da emoção. As escolas literárias que se encontram nesta linha dionisíaca têm como características a emoção, o lirismo, o subjetivismo. Ao contrário, a linha apolínea (derivada do nome Apolo, deus da razão) representa o equilíbrio, a lucidez, o objetivismo.
Baixe a Cronologia das Escolas Literárias (do Trovadorismo ao Pré-Modernismo) detalhada no Link abaixo:
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&ved=0ahUKEwjEtIigmczUAhXB4SYKHaSbCcEQFgg1MAM&url=http%3A%2F%2Fconvenio.cursoanglo.com.br%2FDownload.aspx%3FTipo%3DDownload%26Extranet%3Dtrue%26Arquivo%3D2EEA3E7C-DBA1-47D7-8F5E-91D54A50A438%2FQuadro%2520Cronol%25C3%25B3gico%2520Literatura%2520sala%2520do%2520professor.pdf&usg=AFQjCNGl9c9-loh90A5tecE9etuM1IxUTw&sig2=HVfHpAmYMnF9cw9t03HXYA
As escolas literárias, também conhecidas como movimentos literários, são como as ondas do mar, feitas de altos e baixos. Os ápices destes movimentos se alteram por duas diferentes linhas de pensamento e estilo. A linha dionisíaca deriva do nome Dionísio, deus grego do vinho e da emoção. As escolas literárias que se encontram nesta linha dionisíaca têm como características a emoção, o lirismo, o subjetivismo. Ao contrário, a linha apolínea (derivada do nome Apolo, deus da razão) representa o equilíbrio, a lucidez, o objetivismo.
Baixe a Cronologia das Escolas Literárias (do Trovadorismo ao Pré-Modernismo) detalhada no Link abaixo:
https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=4&ved=0ahUKEwjEtIigmczUAhXB4SYKHaSbCcEQFgg1MAM&url=http%3A%2F%2Fconvenio.cursoanglo.com.br%2FDownload.aspx%3FTipo%3DDownload%26Extranet%3Dtrue%26Arquivo%3D2EEA3E7C-DBA1-47D7-8F5E-91D54A50A438%2FQuadro%2520Cronol%25C3%25B3gico%2520Literatura%2520sala%2520do%2520professor.pdf&usg=AFQjCNGl9c9-loh90A5tecE9etuM1IxUTw&sig2=HVfHpAmYMnF9cw9t03HXYA
REDAÇÃO – O ESTUDO DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA
REDAÇÃO - DISSERTAÇÃO 1
REDAÇÃO - DISSERTAÇÃO 2
REDAÇÃO – O ESTUDO DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA
Baixe o exercício em versão para o Word (.doc) neste link:
http://rapidshare.com/files/411420179/Disserta____o_-_exerc__cio_-_Enem_2009.doc
OBS.: Estrutura válida para um texto dissertativo-argumentativo de, no mínimo, 25 linhas, sem contar o título.
A INTRODUÇÃO
Vamos iniciar o estudo com alguns esclarecimentos sobre a primeira parte da estrutura que é a introdução. O primeiro parágrafo de uma dissertação deve ser claro, objetivo e conciso, preferencialmente. Um ou dois períodos iniciais expressando de maneira sucinta a ideia central (ou núcleo), convencionalmente chamada de tópico frasal ou tese (ideia defendida pelo autor).
Seguem EXEMPLOS demonstrando algumas possibilidades para se iniciar um texto:
1 – Uma cena descritiva: Exemplo:
O som invade a cidade. Buzinas estridentes atordoam os passantes. Edifícios altíssimos cobrem os céus cinzentos da metrópole. Uma fumaça densa e ameaçadora empresta a São Paulo o aspecto de fotografias antigas sombreadas pela cor do tempo. É a paisagem tristonha da poluição.
2 – Uma frase declarativa ou afirmação: Exemplo:
O artista contemporâneo, diante de um mundo complexo e agitado, tem por missão traduzir o mais fielmente possível essa realidade. Mesmo que pareça impossível impedir que o subjetivismo esteja presente, deve-se despir de opiniões já estabelecidas de pré-julgamentos ou preconceitos, a fim de que essa tradução seja fidedigna.
3 – Frases ou expressões nominais: Exemplo:
Baixos salários. Médicos descontentes. Enfermagem pouco qualificada. Falta de medicamentos. Desvio de verbas. Hospitais insuficientes e mal aparelhados. Atendimento precário. Esse é o retrato da saúde pública brasileira.
4 – Resgate histórico ou dados retrospectivos: Exemplo:
As primeiras manifestações de comunicação humana nas eras mais primitivas foram traduzidas por sons que expressavam sentimentos de dor, alegria ou espanto. Mais tarde, as pinturas rupestres surgiram como primeiros vestígios de tentativa de preservação de uma era...
5 – Citação: textual e comentada. Exemplo:
Textual: "O escravo brasileiro, literalmente falando, só tem uma coisa: a morte." Joaquim Nabuco, grande teórico do movimento abolicionista brasileiro. Nabuco revela uma das características que o pensamento antiescravista apresenta: a nota de comiseração pelo escravo.
Comentada: O teórico Joaquim Nabuco, em sua comiseração pelo escravo brasileiro, disse que este só tem a própria morte. O movimento brasileiro antiescravista, quando já fortalecido, deixou bem clara essa pungente acusação nas palavras dos abolicionistas.
6 – Pergunta ou uma sequência de perguntas: Exemplo:
Os pensadores do século XIX propuseram nos termos da época as questões que, apesar de toda a posterior realidade, continuam a intrigar os críticos sociais: como funciona a mente de um político? Quais são os fatores imponderáveis que o levam a agir desta ou daquela maneira?
7 – Definição: Exemplo
O envelhecimento é um processo evolutivo que depende dos fatores hereditários, do ambiente e da idade, embora ainda não tenham sido descobertas as causa precisas que o determinam em toda a sua amplitude e diversidade.
8 – Linguagem figurada: Exemplo:
Os meios de comunicação, com sua velocidade estonteante de informação, fazem de cada homem um condômino do mundo. De repente, todos ficaram sabendo quase tudo, sem tempo para digerir 90% das informações que recebem; é uma ilha cercada de comunicações por todos os lados.
9 – Narração: Exemplo:
O ano de 1997 foi marcado pela expansão da informática no país: realizaram-se as mais importantes feiras do mundo, apresentando novidades que deslumbraram os brasileiros. Os mais ávidos de atualizar-se transformaram-se em presas definitivas de um dos mercados mais lucrativos do planeta.
10 - Ideias contrastantes ou ponto de vista oposto: Exemplo:
Enquanto muitos políticos brasileiros praticam a corrupção ao desviarem altíssimas somas em dinheiro do tesouro público, cerca de 30% da população sobrevive com menos de um salário mínimo. E para agravar, ainda temos episódios inaceitáveis como a proposta de aumento do salário dos deputados de R$ 12.000 para R$ 21.000!
11 – Comparação: Exemplo:
A era da informática veio aprofundar os abismos do país: de um lado, assistimos ao avanço tecnológico desfrutado por cerca de 2% da população; de outro, assistimos à crescente marginalização da maioria que sequer consegue alfabetizar-se minimamente.
12 – Contestação ou confirmação de uma citação: Exemplo:
O computador liberta, afirmou Nicholas Negroponte, o pioneiro da era digital. Contudo, o modo como a informática vem se impondo parece angustiar o homem, gerando ansiedade que, longe de libertar, escraviza.
13 – Declaração surpreendente: Exemplo:
Jamais houve cinema silencioso. A projeção das fitas mudas era acompanhada por música de piano ou pequena orquestra. No Japão e outras partes do mundo, popularizou-se a figura do narrador ou comentador de imagens, que explicava a história ao público. Muitos filmes, desde os primórdios do cinema, comportavam música e ruídos especialmente compostos.
O DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento é a parte mais extensa do texto dissertativo. Compreende os argumentos (evidências, exemplos, justificativas etc.) que dão sustentação à tese – ideia central defendida no primeiro parágrafo. O conteúdo dos parágrafos de desenvolvimento deve obedecer a uma progressão: repetir ideias mudando apenas as palavras resulta em redundância. É preciso encadear os enunciados de maneira que se completem (cada enunciado acrescentará informações novas ao anterior). Deve-se também evitar a reprodução de clichês, fórmulas prontas e frases feitas – recursos que enfraqueçam a argumentação.
Cabe lembrar, ainda, que a adequada utilização de seu repertório cultural será determinante para diversificar e enriquecer seus argumentos. Observe alguns EXEMPLOS DE ARGUMENTAÇÃO
Tema: Televisão
1. Argumentação por exemplificação
Já foi criada até uma campanha – "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" – para que sejam divulgados os nomes das empresas que anunciam nos programas que mais recebem denúncias de desrespeito aos direitos humanos. O mais importante nessa iniciativa é que a participação da sociedade, que pode abandonar a passividade e interferir na qualidade da programação que chega às casas dos brasileiros.
2. Argumentação histórica
Quem assiste à TV hoje talvez nem imagine que seu compromisso inicial, quando chegou ao país, há pouco mais de meio século, fosse com educação, informação e entretenimento. Não se pode negar que ela evoluiu –transformou-se na maior representante da mídia, mas em contrapartida esqueceu-se de educar, informa relativamente e entretém de maneira discutível.
3. Argumentação por constatação
Para além daquilo que a televisão exibe, deve-se levar em conta também seu papel social. Quem já não renunciou um encontro com amigou ou a um passeio com a família para não perder a novela ou a participação de algum artista num programa de auditório? Ao que tudo indica, muitos têm elegido a tevê como companhia favorita.
4. Argumentação por comparação
Enquanto países como Inglaterra e Canadá têm leis que protegem as crianças da exposição ao sexo e à violência na televisão, no Brasil não há nenhum controle efetivo sobre a programação. Não é de surpreender que muitos brasileiros estejam defendendo alguma forma de censura sobre a TV aberta.
5. Argumentação por testemunho
Conforme citado pelo jornalista Nelson Hoineff, "o que a televisão tem de mais fascinante para quem a faz é justamente o que ela tem de mais nocivo para quem a vê: sua capacidade aparentemente infinita de massificação". De fato, mais de 80% da população brasileira tem esse veículo como principal fonte de informação e referência.
A ARGUMENTAÇÃO E A LINGUAGEM DISSERTATIVA 1
A ARGUMENTAÇÃO E A LINGUAGEM DISSERTATIVA 2
A CONCLUSÃO DO TEXTO DISSERTATIVO
Quando elaboramos uma dissertação, temos sempre um objetivo definido: defender uma ideia e convencer (persuadir) o leitor. Para tanto, apresentamos (na introdução) uma tese (a ideia central) que será desenvolvida com eficientes argumentos, até atingir a última etapa da estrutura dissertativa: a conclusão. Assim, as ideias devem estar articuladas numa sequência que conduza logicamente ao final do texto.
Não há um modelo único de conclusão. Cada texto pede um determinado tipo de fechamento, a depender do tema, bem como do enfoque escolhido pelo autor. Em textos com teor informativo, por exemplo, caberá a conclusão que condense as ideias consideradas. Já no caso de textos cujo conteúdo seja polêmico, questionador, será apropriada uma conclusão que proponha soluções ou trace perspectivas para o tema discutido.
Observe alguns dos PROCEDIMENTOS ADEQUADOS para se concluir um texto dissertativo:
1. Síntese da discussão – apropriada para textos expositivos, limita-se a condensar as ideias defendidas ao longo da explanação.
2. Retomada da tese – é a confirmação da ideia central. Reforça a posição apresentada no início do texto. Deve-se, contudo, evitar a redundância ou mera repetição da tese.
3. Proposta(s) de solução – partindo de questões levantadas na argumentação, consiste na sugestão de possíveis soluções para os problemas discutidos.
4. Com interrogação (retórica) – só deve ser utilizada quando trouxer implícita a crítica procedente, que instigue a reflexão do leitor. É preciso evitar perguntas que repassem ao leitor a incumbência de encontrar respostas que deveriam estar contidas no próprio texto.
EXERCÍCIOS
1. LEIA ATENTAMENTE O TEXTO ABAIXO:
A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, apura, eleva o merecimento.
Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvidas que rima bem com ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará com o batismo adequado? Politiquice? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como um ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.
Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais.
(Rui Barbosa)
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RESPONDA:
a) Qual a ideia central do primeiro parágrafo e com qual EXEMPLO DE INTRODUÇÃO você identifica? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) Qual a ideia central do segundo parágrafo e com qual EXEMPLO DE ARGUMENTAÇÃO você identifica? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
c) Qual a ideia central do terceiro parágrafo e qual PROCEDIMENTO você identifica na conclusão?
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2. PROPOSTA DE REDAÇÃO
Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema Valorização do idoso, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, Organize e Relacione, de forma coerente e coesa, Argumentos e Fatos para a defesa do seu ponto de vista.
ESTATUTO DO IDOSO
Art. 3° É obrigação da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Art. 4° Nenhum idoso será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos.
Disponível em: http://www.mds.gov.br/suas/arquivos/estatuto_idoso.pdf. Acesso em: 07 maio 2009.
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O aumento na proporção de idosos na população é um fenômeno mundial tão profundo que muitos chamam de “revolução demográfica”. No último meio século, a expectativa de vida aumentou em cerca de 20 anos. Se considerarmos os últimos séculos, ela quase dobrou. E, de acordo com algumas pesquisas, esse processo pode estar longe do fim.
Disponível em: http://www.comciencia.br/envelhecimento/texto/env16.htm. Acesso em: 07 maio 2009.
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Idoso é quem tem o privilégio de viver longa vida...
...velho é quem perdeu a jovialidade.
[...]
A idade causa a degenerescência das células...
...a velhice causa a degenerescência do espírito.
Você é idoso quando sonha...
...você é velho quando apenas dorme...
[...]
Disponível em http://www.orizamartins.com/ref-ser-idoso.html Acesso em: 07 maio 2009.
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Instruções:
- Seu texto tem de ser escrito à tinta, na Folha de Redação, que se encontra no final deste Caderno.
- Desenvolva seu texto em prosa: não redija narração, nem poema.
- O texto com até 7 (sete) linhas escritas será considerado texto em branco.
- O texto deve ter, no máximo, 30 linhas.
- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado, no final deste Caderno.
Exemplo de texto sobre idoso:
Baixe o exercício em versão para o Word (.doc) neste link:
http://rapidshare.com/files/411420179/Disserta____o_-_exerc__cio_-_Enem_2009.doc
REDAÇÃO - DISSERTAÇÃO 2
REDAÇÃO – O ESTUDO DA DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA
Baixe o exercício em versão para o Word (.doc) neste link:
http://rapidshare.com/files/411420179/Disserta____o_-_exerc__cio_-_Enem_2009.doc
Recomendação: 5 parágrafos de 5 a 6 linhas (1 para a Introdução, 3 para o Desenvolvimento e 1 para a Conclusão).
OBS.: Estrutura válida para um texto dissertativo-argumentativo de, no mínimo, 25 linhas, sem contar o título.
A INTRODUÇÃO
Vamos iniciar o estudo com alguns esclarecimentos sobre a primeira parte da estrutura que é a introdução. O primeiro parágrafo de uma dissertação deve ser claro, objetivo e conciso, preferencialmente. Um ou dois períodos iniciais expressando de maneira sucinta a ideia central (ou núcleo), convencionalmente chamada de tópico frasal ou tese (ideia defendida pelo autor).
Seguem EXEMPLOS demonstrando algumas possibilidades para se iniciar um texto:
1 – Uma cena descritiva: Exemplo:
O som invade a cidade. Buzinas estridentes atordoam os passantes. Edifícios altíssimos cobrem os céus cinzentos da metrópole. Uma fumaça densa e ameaçadora empresta a São Paulo o aspecto de fotografias antigas sombreadas pela cor do tempo. É a paisagem tristonha da poluição.
2 – Uma frase declarativa ou afirmação: Exemplo:
O artista contemporâneo, diante de um mundo complexo e agitado, tem por missão traduzir o mais fielmente possível essa realidade. Mesmo que pareça impossível impedir que o subjetivismo esteja presente, deve-se despir de opiniões já estabelecidas de pré-julgamentos ou preconceitos, a fim de que essa tradução seja fidedigna.
3 – Frases ou expressões nominais: Exemplo:
Baixos salários. Médicos descontentes. Enfermagem pouco qualificada. Falta de medicamentos. Desvio de verbas. Hospitais insuficientes e mal aparelhados. Atendimento precário. Esse é o retrato da saúde pública brasileira.
4 – Resgate histórico ou dados retrospectivos: Exemplo:
As primeiras manifestações de comunicação humana nas eras mais primitivas foram traduzidas por sons que expressavam sentimentos de dor, alegria ou espanto. Mais tarde, as pinturas rupestres surgiram como primeiros vestígios de tentativa de preservação de uma era...
5 – Citação: textual e comentada. Exemplo:
Textual: "O escravo brasileiro, literalmente falando, só tem uma coisa: a morte." Joaquim Nabuco, grande teórico do movimento abolicionista brasileiro. Nabuco revela uma das características que o pensamento antiescravista apresenta: a nota de comiseração pelo escravo.
Comentada: O teórico Joaquim Nabuco, em sua comiseração pelo escravo brasileiro, disse que este só tem a própria morte. O movimento brasileiro antiescravista, quando já fortalecido, deixou bem clara essa pungente acusação nas palavras dos abolicionistas.
6 – Pergunta ou uma sequência de perguntas: Exemplo:
Os pensadores do século XIX propuseram nos termos da época as questões que, apesar de toda a posterior realidade, continuam a intrigar os críticos sociais: como funciona a mente de um político? Quais são os fatores imponderáveis que o levam a agir desta ou daquela maneira?
7 – Definição: Exemplo
O envelhecimento é um processo evolutivo que depende dos fatores hereditários, do ambiente e da idade, embora ainda não tenham sido descobertas as causa precisas que o determinam em toda a sua amplitude e diversidade.
8 – Linguagem figurada: Exemplo:
Os meios de comunicação, com sua velocidade estonteante de informação, fazem de cada homem um condômino do mundo. De repente, todos ficaram sabendo quase tudo, sem tempo para digerir 90% das informações que recebem; é uma ilha cercada de comunicações por todos os lados.
9 – Narração: Exemplo:
O ano de 1997 foi marcado pela expansão da informática no país: realizaram-se as mais importantes feiras do mundo, apresentando novidades que deslumbraram os brasileiros. Os mais ávidos de atualizar-se transformaram-se em presas definitivas de um dos mercados mais lucrativos do planeta.
10 - Ideias contrastantes ou ponto de vista oposto: Exemplo:
Enquanto muitos políticos brasileiros praticam a corrupção ao desviarem altíssimas somas em dinheiro do tesouro público, cerca de 30% da população sobrevive com menos de um salário mínimo. E para agravar, ainda temos episódios inaceitáveis como a proposta de aumento do salário dos deputados de R$ 12.000 para R$ 21.000!
11 – Comparação: Exemplo:
A era da informática veio aprofundar os abismos do país: de um lado, assistimos ao avanço tecnológico desfrutado por cerca de 2% da população; de outro, assistimos à crescente marginalização da maioria que sequer consegue alfabetizar-se minimamente.
12 – Contestação ou confirmação de uma citação: Exemplo:
O computador liberta, afirmou Nicholas Negroponte, o pioneiro da era digital. Contudo, o modo como a informática vem se impondo parece angustiar o homem, gerando ansiedade que, longe de libertar, escraviza.
13 – Declaração surpreendente: Exemplo:
Jamais houve cinema silencioso. A projeção das fitas mudas era acompanhada por música de piano ou pequena orquestra. No Japão e outras partes do mundo, popularizou-se a figura do narrador ou comentador de imagens, que explicava a história ao público. Muitos filmes, desde os primórdios do cinema, comportavam música e ruídos especialmente compostos.
O DESENVOLVIMENTO
O desenvolvimento é a parte mais extensa do texto dissertativo. Compreende os argumentos (evidências, exemplos, justificativas etc.) que dão sustentação à tese – ideia central defendida no primeiro parágrafo. O conteúdo dos parágrafos de desenvolvimento deve obedecer a uma progressão: repetir ideias mudando apenas as palavras resulta em redundância. É preciso encadear os enunciados de maneira que se completem (cada enunciado acrescentará informações novas ao anterior). Deve-se também evitar a reprodução de clichês, fórmulas prontas e frases feitas – recursos que enfraqueçam a argumentação.
Cabe lembrar, ainda, que a adequada utilização de seu repertório cultural será determinante para diversificar e enriquecer seus argumentos. Observe alguns EXEMPLOS DE ARGUMENTAÇÃO
Tema: Televisão
1. Argumentação por exemplificação
Já foi criada até uma campanha – "Quem financia a baixaria é contra a cidadania" – para que sejam divulgados os nomes das empresas que anunciam nos programas que mais recebem denúncias de desrespeito aos direitos humanos. O mais importante nessa iniciativa é que a participação da sociedade, que pode abandonar a passividade e interferir na qualidade da programação que chega às casas dos brasileiros.
2. Argumentação histórica
Quem assiste à TV hoje talvez nem imagine que seu compromisso inicial, quando chegou ao país, há pouco mais de meio século, fosse com educação, informação e entretenimento. Não se pode negar que ela evoluiu –transformou-se na maior representante da mídia, mas em contrapartida esqueceu-se de educar, informa relativamente e entretém de maneira discutível.
3. Argumentação por constatação
Para além daquilo que a televisão exibe, deve-se levar em conta também seu papel social. Quem já não renunciou um encontro com amigou ou a um passeio com a família para não perder a novela ou a participação de algum artista num programa de auditório? Ao que tudo indica, muitos têm elegido a tevê como companhia favorita.
4. Argumentação por comparação
Enquanto países como Inglaterra e Canadá têm leis que protegem as crianças da exposição ao sexo e à violência na televisão, no Brasil não há nenhum controle efetivo sobre a programação. Não é de surpreender que muitos brasileiros estejam defendendo alguma forma de censura sobre a TV aberta.
5. Argumentação por testemunho
Conforme citado pelo jornalista Nelson Hoineff, "o que a televisão tem de mais fascinante para quem a faz é justamente o que ela tem de mais nocivo para quem a vê: sua capacidade aparentemente infinita de massificação". De fato, mais de 80% da população brasileira tem esse veículo como principal fonte de informação e referência.
A ARGUMENTAÇÃO E A LINGUAGEM DISSERTATIVA 1
A ARGUMENTAÇÃO E A LINGUAGEM DISSERTATIVA 2
A CONCLUSÃO DO TEXTO DISSERTATIVO
Quando elaboramos uma dissertação, temos sempre um objetivo definido: defender uma ideia e convencer (persuadir) o leitor. Para tanto, apresentamos (na introdução) uma tese (a ideia central) que será desenvolvida com eficientes argumentos, até atingir a última etapa da estrutura dissertativa: a conclusão. Assim, as ideias devem estar articuladas numa sequência que conduza logicamente ao final do texto.
Não há um modelo único de conclusão. Cada texto pede um determinado tipo de fechamento, a depender do tema, bem como do enfoque escolhido pelo autor. Em textos com teor informativo, por exemplo, caberá a conclusão que condense as ideias consideradas. Já no caso de textos cujo conteúdo seja polêmico, questionador, será apropriada uma conclusão que proponha soluções ou trace perspectivas para o tema discutido.
Observe alguns dos PROCEDIMENTOS ADEQUADOS para se concluir um texto dissertativo:
1. Síntese da discussão – apropriada para textos expositivos, limita-se a condensar as ideias defendidas ao longo da explanação.
2. Retomada da tese – é a confirmação da ideia central. Reforça a posição apresentada no início do texto. Deve-se, contudo, evitar a redundância ou mera repetição da tese.
3. Proposta(s) de solução – partindo de questões levantadas na argumentação, consiste na sugestão de possíveis soluções para os problemas discutidos.
4. Com interrogação (retórica) – só deve ser utilizada quando trouxer implícita a crítica procedente, que instigue a reflexão do leitor. É preciso evitar perguntas que repassem ao leitor a incumbência de encontrar respostas que deveriam estar contidas no próprio texto.
EXERCÍCIOS
1. LEIA ATENTAMENTE O TEXTO ABAIXO:
A política afina o espírito humano, educa os povos no conhecimento de si mesmos, desenvolve nos indivíduos a atividade, a coragem, a nobreza, a previsão, a energia, apura, eleva o merecimento.
Não é esse jogo da intriga, da inveja e da incapacidade, a que entre nós se deu a alcunha de politicagem. Esta palavra não traduz ainda todo o desprezo do objeto significado. Não há dúvidas que rima bem com ladroagem. Mas não tem o mesmo vigor de expressão que os seus consoantes. Quem lhe dará com o batismo adequado? Politiquice? Politicaria? Politicalha? Neste último, sim, o sufixo pejorativo queima como um ferrete, e desperta ao ouvido uma consonância elucidativa.
Política e politicalha não se confundem, não se parecem, não se relacionam uma com a outra. Antes se negam, se excluem, se repulsam mutuamente. A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais.
(Rui Barbosa)
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RESPONDA:
a) Qual a ideia central do primeiro parágrafo e com qual EXEMPLO DE INTRODUÇÃO você identifica? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
b) Qual a ideia central do segundo parágrafo e com qual EXEMPLO DE ARGUMENTAÇÃO você identifica? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
c) Qual a ideia central do terceiro parágrafo e qual PROCEDIMENTO você identifica na conclusão?
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2. PROPOSTA DE REDAÇÃO
Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema Valorização do idoso, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, Organize e Relacione, de forma coerente e coesa, Argumentos e Fatos para a defesa do seu ponto de vista.
ESTATUTO DO IDOSO
Art. 3° É obrigação da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Art. 4° Nenhum idoso será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos.
Disponível em: http://www.mds.gov.br/suas/arquivos/estatuto_idoso.pdf. Acesso em: 07 maio 2009.
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O aumento na proporção de idosos na população é um fenômeno mundial tão profundo que muitos chamam de “revolução demográfica”. No último meio século, a expectativa de vida aumentou em cerca de 20 anos. Se considerarmos os últimos séculos, ela quase dobrou. E, de acordo com algumas pesquisas, esse processo pode estar longe do fim.
Disponível em: http://www.comciencia.br/envelhecimento/texto/env16.htm. Acesso em: 07 maio 2009.
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Idoso é quem tem o privilégio de viver longa vida...
...velho é quem perdeu a jovialidade.
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A idade causa a degenerescência das células...
...a velhice causa a degenerescência do espírito.
Você é idoso quando sonha...
...você é velho quando apenas dorme...
[...]
Disponível em http://www.orizamartins.com/ref-ser-idoso.html Acesso em: 07 maio 2009.
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Instruções:
- Seu texto tem de ser escrito à tinta, na Folha de Redação, que se encontra no final deste Caderno.
- Desenvolva seu texto em prosa: não redija narração, nem poema.
- O texto com até 7 (sete) linhas escritas será considerado texto em branco.
- O texto deve ter, no máximo, 30 linhas.
- O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado, no final deste Caderno.
Fonte: Enem 2009
Exemplo de texto sobre idoso:
Os idosos no Brasil
Os idosos são hoje 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo 2000. O instituto considera idosas as pessoas com 60 anos ou mais, mesmo limite de idade considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países em desenvolvimento. Em uma década, o número de idosos no Brasil cresceu 17%, em 1991, ele correspondia a 7,3% da população.
O envelhecimento da população brasileira é reflexo do aumento da expectativa de vida, devido ao avanço no campo da saúde e à redução da taxa de natalidade. Prova disso é a participação dos idosos com 75 anos ou mais no total da população - em 1991, eles eram 2,4 milhões (1,6%) e, em 2000, 3,6 milhões (2,1%).
A população brasileira vive, hoje, em média, de 68,6 anos, 2,5 anos a mais do que no início da década de 90. Estima-se que em 2020 a população com mais de 60 anos no País deva chegar a 30 milhões de pessoas (13% do total), e a esperança de vida, a 70,3 anos.
O quadro é um retrato do que acontece com os países como o Brasil, que está envelhecendo ainda na fase do desenvolvimento. Já os países desenvolvidos tiveram um período maior, cerca de cem anos, para se adaptar. A geriatra Andrea Prates, do Centro Internacional para o Envelhecimento Saudável, prevê que, nas próximas décadas, três quartos da população idosa do mundo esteja nos países em desenvolvimento.
A importância dos idosos para o País não se resume à sua crescente participação no total da população. Boa parte dos idosos hoje são chefes de família e nessas famílias a renda média é superior àquelas chefiadas por adultos não-idosos. Segundo o Censo 2000, 62,4% dos idosos e 37,6% das idosas são chefes de família, somando 8,9 milhões de pessoas. Além disso, 54,5% dos idosos chefes de família vivem com os seus filhos e os sustentam.
(Fonte: sítio do Serasa)
Baixe o exercício em versão para o Word (.doc) neste link:
http://rapidshare.com/files/411420179/Disserta____o_-_exerc__cio_-_Enem_2009.doc