quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Saiba como estudar para concurso do Superior Tribunal de Justiça

Especialistas dão dicas de como se sair bem nas provas para os cargos de analista e técnico judiciário

(Fonte: O GLOBO )

RIO - Para uns pode parecer loucura, mas o período do pós-carnaval pode ser inspirador para quem está concentrado em passar num concurso público. Sempre muito esperada, a seleção do Superior Tribunal de Justiça (STJ) vai preencher 28 vagas nos cargos de analista judiciário e técnico judiciário, com salários iniciais de R$ 6.611,39 e R$ 4.052,96, respectivamente. A intenção também é formar cadastro de reserva. As inscrições podem ser feitas a partir de hoje, pelo site do Cespe/Unb.

Para os cargos de nível superior, são 25 vagas para profissionais das áreas de direito, biblioteconomia, medicina (clínica médica e psiquiatria) e psicologia. Para o cargo de técnico, são três vagas para as áreas de telecomunicações e eletricidade, que exigem certificado de conclusão de curso de nível médio técnico em eletroeletrônica, eletrotécnica ou telecomunicações, além de registro no Crea.

A seleção está sendo organizada pelo Cespe/Unb. Portanto, dizem especialistas, os candidatos devem esperar questões do tipo certo ou errado. Cada opção poderá estar certa ou errada, independentemente uma da outra. Isso significa que cada item que o candidato errar anula um que acertou. As questões que não forem respondidas, porém, não serão computadas.

— Evite chutes. Se o chute for errado, você vai acabar anulando uma questão certa. Se não sabe, é melhor é deixar em branco — aconselha o professor Geraldo Neto, do Curso Maxx.

Segundo Neto, a relação candidato/vaga deve ser bastante alta, considerando os números da última seleção, em 2004, que chegou a 500 candidatos por vaga, para os cargos mais requisitados. Em relação aos exames, o professor afirma que a cobrança é mais voltada para a “letra de lei” (questões literais). As questões de direito constitucional, diz ele, são as mais complexas e bem escritas. O conteúdo programático do concurso varia de acordo com o cargo escolhido, mas as disciplinas de direito administrativo e direito constitucional são comuns aos cargos tanto do nível médio quanto do superior.

Tanto para analista judiciário quanto para técnico judiciário, as provas de conhecimentos básicos têm 50 questões, e as objetivas, de conhecimentos específicos, 70 questões. Ambos os tipos de exames são de caráter eliminatório. Os candidatos que farão prova para analista judiciário terão, ainda, uma prova discursiva, enquanto os que prestarão exame para técnico judiciário vão precisar se superar também na prova prática (de áudio, vídeo e eletricidade).

Entre os conteúdos pedidos estão noções de direito constitucional, contidas na Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, bem como emendas constitucionais e emendas constitucionais de revisão. Princípios, direitos e garantias fundamentais, organização do Estado, disposições e organização do Poder Judiciário também são cobrados nas provas. É necessário estudar o funcionamento dos tribunais (STF, STJ, TRFs), bem como as atribuições dos juízes e tribunais federais, do trabalho, eleitorais, militar, entre outros.

Em relação aos conteúdos de direito administrativo, o que é pedido nos exames inclui o regime jurídico dos servidores públicos civis da União (Lei 8.112/1990 e alterações), com as disposições preliminares, provimento, vacância, direitos e vantagens, além do regime disciplinar. É necessário estudar também a lei 9.784/1999, a 11.416/2006 e os princípios, modalidades, dispensa e inexigibilidade de licitação.

Todas os exames serão realizados em Brasília (DF), e a previsão é de que as provas objetivas e a discursiva sejam aplicadas no dia 6 de maio. As inscrições podem ser feitas até 16 de março.

— Mesmo quem tem pouco tempo deve dar atenção a todas as matérias, visto que o Cespe se utiliza muito de questões multidisciplinares — diz Neto. — Acredito que a dificuldade de uma grande concorrência se transpõe com horas de estudo, disciplina, foco, determinação e bons materiais.

Neto acrescenta, ainda, que é relevante resolver o maior número de questões de provas anteriores, para se familiarizar com os conteúdos e abordagens mais frequentes. Segundo ele, questões multidisciplinares são muito comuns e normalmente abordam direitos diferentes no mesmo enunciado.

— Atenção e conhecimento em todas as áreas são fundamentais para evitar problemas durante a prova. Como as questões são de certo ou errado, o candidato deve tomar muito cuidado com as ‘pegadinhas’ que são características dessa banca. Deve-se prestar muita atenção aos pequenos detalhes do enunciado e às alternativas, para definir se o item está certo ou não.

De acordo com o especialista em concursos Sergio Camargo, na disciplina de direito administrativo costumam cair temas como servidor público e ato administrativo e, em direito constitucional, caem todas as relações envolvendo o princípio da dignidade da pessoa humana. Camargo alerta também para a prova de português, que costuma ter um nível bastante alto.

— O candidato deve ter muita dedicação e perseverança, e evitar fórum de discussões na internet, para não deixar o lado emocional abalado — orienta Camargo.

Segundo Leonardo Pereira, diretor do Instituto IOB, as provas da Cespe/UnB costumam ter um nível de dificuldade alto nas questões de português e informática. Ele ressalta que equilíbrio emocional é muito importante:

— Manter a calma e a concentração na hora da prova é muito importante para conseguir aplicar o conhecimento adquirido durante os estudos.

(Fonte: O GLOBO )

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

2012 é último ano de adaptação ao Acordo Ortográfico no Brasil


Matéria publicada em O Globo: http://oglobo.globo.com/educacao/2012-ultimo-ano-de-adaptacao-ao-acordo-ortografico-no-brasil-4020439

SÃO PAULO - No último ano de adaptação ao Acordo Ortográfico no Brasil, professores afirmam que neste ano letivo vão cobrar mais o uso das novas normas pelos alunos. Muitos professores reclamam que não receberam treinamento ou orientações das secretarias de Educação sobre a nova ortografia, que ainda provoca muitas dúvidas nas salas de aula. E ainda há algumas escolas usando livros não adaptados às novas regras, em casos considerados excepcionais.

Em 1990, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe assinaram o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, mas ele só passou a valer no Brasil depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o promulgou, em setembro de 2008. Ficou estabelecido um período de transição de 1 de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012, com o convívio das duas normas no país. A partir de 1º de janeiro de 2013, as novas regras passam a ser obrigatórias.

O acordo alterou 0,5% das palavras do vocabulário comum do brasileiro, menos que em Portugal, que teve 1,6% das palavras atingidas.

Professores de várias regiões do país afirmam que, desde que o acordo passou a vigorar, eles passaram a ensinar nas salas de aula a nova ortografia e que as mudanças têm sido absorvidas de maneira gradual.

- Como este vai ser o último ano de transição, a matéria vai ser mais cobrada dos alunos. Até agora eu fiz uma cobrança muito light, não descontava pontos nas provas de quem não usasse as regras novas - afirma a professora Maria Sufaneide, que dá aulas numa escola estadual da capital paulista.

Segundo o professor de Português Marcos Fábio, que dá aula no Ceará, educadores e alunos ainda têm muitas dúvidas:

- Todos nós temos que recorrer ao dicionário, sempre surgem dúvidas, principalmente sobre o hífen.

Para alguns, a mudança não foi tão ruim. Aluno do 1º ano do Ensino Médio do colégio particular Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, Gabriel Luna, de 14 anos, diz que as novas regras são mais fáceis.

- Eu achava mais difícil, por causa dos acentos. Logo que saiu o acordo, já comecei a escrever usando as regras novas, para me adaptar mais rápido.

Rio promove treinamento

Para alguns professores, o governo deveria fornecer treinamento específico para os educadores sobre o novo acordo.

- Muitos colegas que dão aulas de Português têm dúvidas, que dirá os de outras disciplinas. Seria interessante um curso de formação. E não adianta dizer que vai ter curso online. Se o acordo ortográfico era tão importante, deveria haver uma forte preocupação com a formação de quem vai transmiti-lo - diz Alayr Pessoa Filha, professora de Língua Portuguesa do Liceu Estadual Nilo Peçanha, em Niterói.

No Rio, o governo do estado afirma que parte dos professores já recebeu treinamento sobre o novo acordo, e outra parcela receberá neste ano. Em São Paulo, a prefeitura e o governo do estado afirmaram que treinarão professores em 2012. E o governo do estado diz que já fez várias ações de divulgação sobre o novo acordo para os professores, além de ter disponibilizado material sobre o assunto.

O GLOBO ouviu professores e secretarias de Educação de vários estados e a maioria afirma que todos os alunos da rede pública já está usando livros didáticos adaptados ao acordo ortográfico. No Mato Grosso, porém, a secretaria estadual de Educação informa que uma pequena quantidade de livros não adaptados continua sendo usada em algumas salas de aula de forma complementar. Isso acontece quando o total do material didático com as novas regras não é suficiente para o número de alunos, devido ao aumento de estudantes de uma turma após o recebimento das publicações, ou para substituir livros danificados.

- A direção da escola fala para trabalhar o acordo ortográfico no quadro-negro ou com material fotocopiado. Isso confunde o aluno. Mas a gente frisa toda aula as novas normas - afirma a professora Anny Weicler, que ensina Língua Portuguesa em uma escola estadual de Cuiabá.

O Ministério da Educação (MEC), que encaminha livros didáticos para 99% das escolas públicas de todo país, afirma que todo material que enviou para uso a partir de 2010 para alunos de 1 ao 5 ano do ensino fundamental já estava de acordo com as novas regras. Segundo o MEC, livros com a nova ortografia começaram a ser usados por estudantes do 6 ao 9 ano do ensino fundamental em 2011. O ministério diz que distribuiu publicações adaptadas para o ensino médio em 2012. A compra dos livros é feita a cada três anos e são usados por igual período.

No entanto, a distribuição de dicionários escritos com a nova ortografia será feita pelo MEC apenas entre junho e setembro deste ano, para 1 milhão de salas de aula. Mas alguns estados não esperaram o MEC e já compraram seus próprios dicionários.

Além de livros e dicionários, o MEC investiu na compra de 204 mil exemplares do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (conhecido pela sigla Volp), editado pela Academia Brasileira de Letras para esclarecer dúvidas sobre a grafia das palavras. Todos os exemplares, segundo o ministério, já foram distribuídos. Mas isso não quer dizer que eles estejam sendo usados: há professores de Língua Portuguesa que garantem que nunca viram o Volp nas suas escolas.

Em São Paulo, alunos afirmam que materiais didáticos que supostamente estão de acordo com as novas regras ainda apresentam palavras na grafia antiga.

- Os livros estão adaptados, mas nas apostilas ainda há “erros” ortográficos, apesar de elas terem um carimbo dizendo que o material passou por revisão para se adequar ao acordo. Já vi a palavra ideia acentuada, por exemplo - afirma Rafael Blessa, aluno do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Buenos Aires, na capital paulista.

O governo de São Paulo informa que todo material distribuído, no entanto, está de acordo com a nova ortografia.

As regras ortográficas não são objeto de preocupação só de estudantes do ensino regular. Muitas empresas têm disponibilizado para os funcionários cursos para que passem a escrever de acordo com as novas regras.

- De todas as empresas que nos contrataram para prestar treinamento de Língua Portuguesa para funcionários, 80% solicitaram que incluíssemos um módulo sobre a nova ortografia. As empresas estão preocupadas, principalmente as que têm funcionários que lidam com o público - afirma Ana Catarina Kretly, gerente de Marketing da Scritta, empresa que presta consultoria de comunicação a companhias.

Apesar de o decreto prever a obrigatoriedade do uso da nova ortografia a partir de 1 de janeiro de 2013, ação popular que tramita na Justiça Federal pede que o prazo seja adiado. Impetrada pelo movimento Acordar Melhor, a ação afirma que a Academia Brasileira de Letras (ABL) desrespeitou o acordo assinado entre os países de língua portuguesa ao fazer alterações em palavras publicadas no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp).

- O Congresso Nacional teria que aprovar as alterações que o Volp apresentou ao acordo - disse o professor Ernani Pimentel, líder do Acordar Melhor.

O acadêmico Evanildo Bechara nega que a ABL tenha desrespeitado o acordo:

- Se for escrito num sistema ortográfico uniforme, um livro escrito em português na Europa, no Brasil, ou na África não precisa ser atualizado para ser publicado em outro país - afirma.


Marcelle Ribeiro
marcelle@sp.oglobo.com.br