ROSA DE HIROXIMA - POEMA DE VINICIUS DE MORAES - MÚSICA DO GRUPO SECOS & MOLHADOS
Rosa De Hiroxima
Vinicius de Moraes
Pensem nas crianças mudas, telapáticas
Pensem nas meninas cegas, inexatas
Pensem nas mulheres rotas, alteradas
Pensem nas feridas como rosas cálidas
Mas so não se esqueça da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroxima, rosa hereditária
A rosa radioativa estúpida e inválida
A rosa com cirrose a anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume sem rosa, sem nada
Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado Por esse pão pra comer, por esse chão prá dormir A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir Por me deixar respirar, por me deixar existir, Deus lhe pague Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair, Deus lhe pague Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir, Deus lhe pague
A letra possui um aspecto narrativo, além de um caráter cíclico e comparativo. As três estrofes são muito semelhantes, em especial as duas primeiras; a diferença básica pode ser atribuída à última palavra de cada verso, sempre uma proparoxítona, que torna o ritmo da música bem marcado e repetitivo. Os versos “Amou daquela vez como se fosse a última / Beijou sua mulher como se fosse a última / E cada filho seu como se fosse o único / E atravessou a rua com seu passo tímido” demonstram que o sujeito da canção é um homem, pai de família. Existe um grande laço com sua mulher (“como se fosse a última”) e um indicativo de que possui vários filhos (“e cada filho seu”). Uma outra idéia sugerida é que um homem de baixa condição social, devido ao andar tímido, que transparece a submissão aos demais na rua, e também pelo número de filhos, muitas vezes associado à baixa classe social. O título da canção, bem como a profissão do homem, fica evidenciado pelos próximos versos. Em “Subiu a construção como se fosse máquina”, o desempenho no emprego é comparado a uma máquina, isto sugere que o homem trabalha sem questionar o que faz, apenas está condicionado ao seu trabalho, algo tão comum que o faz automaticamente. Lembrando que a letra foi escrita durante a ditadura militar, algo que nos remete a pensar na submissão forçada: ou faz aquilo que mandam, ou é punido. “Ergueu no patamar quatro paredes sólidas / Tijolo com tijolo num desenho mágico”, estes dois versos comprovam o emprego do homem, ligado a construção civil, que também reafirma a idéia de sua baixa classe social. Talvez uma das partes mais sentimentais da música está em “Seus olhos embotados de cimento e lágrima”, pois mescla um objeto nem um pouco emotivo, o cimento, com um símbolo da sensibilidade, a lágrima. O interessante desse paradoxo é ver que podem coexistir, nos olhos do trabalhador, a frieza do cimento com a fraqueza das lágrimas, algo que em muito reflete o sofrimento desta condição social: a rigidez imposta com o sentimento oprimido. Nas passagens “Sentou pra descansar como se fosse sábado / Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe”, fica evidenciado o alívio da hora do descanso. Sábado é o primeiro dia do fim de semana, aquele dia que vem logo após a semana atribulada. Quando o intervalo do serviço é comparado a sábado, a necessidade de descanso é realçada. O ato de almoçar uma comida tão simples, rotineira, como o feijão e arroz, e se sentir um príncipe, indica um gosto muito grande por uma combinação cotidiana, como se não se pudesse escapar desta rotina. O alcoolismo, muito comum nas camadas inferiores da população, está claramente desenhado em “Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago / Dançou e gargalhou como se ouvisse música”. Além do mais, sabe-se que trabalhadores de construção civil bebem para manter uma força muscular, relacionada ao trabalho braçal. Em meio a alegria barata proporcionada pela bebida, ocorre um acidente: “E tropeçou no céu como se fosse um bêbado / E flutou no ar como se fosse um pássaro / E se acabou no chão feito um pacote flácido”. Destes versos podemos retirar que o homem trabalha em um prédio alto, tão alto que tropeçar de lá é quase como tropeçar do céu. A comparação com um bêbado é tanto por ter ingerido álcool anteriormente quanto pelo andar trôpego e descuidado dos embriagados. Ao tropeçar, começa a cair e choca-se ao chão, num impacto tão forte que seu corpo parece flácido. Após a queda, “Agonizou no meio do passeio público”, isto é, os últimos momentos de vida daquele homem. E para fechar: “Morreu na contramão atrapalhando o tráfego”. O último verso mostra a indiferença da morte daquele cidadão. Ao cair do prédio e estatelar-se no chão, a única preocupação que ocorre, por parte do público que ali estava, foi em relação ao trânsito, como se qualquer objeto tivesse caído, e não um pai de família. A contradição existente é que, dentro de casa, o homem é o líder, mas na rua é um sujeito qualquer, um parafuso da engrenagem capitalista, no caso, da construção de imóveis que vão servir luxuosamente a outras pessoas. As outras estrofes apenas repetem a história, causando certas confusões, como em “Ergueu no patamar quatro paredes flácidas”. Logicamente, daria para estender muito mais a análise das duas últimas estrofes, mas vou me ater apenas àlguns trechos. A indiferença do homem é realçada em “Morreu na contramão atrapalhando o público” e, melhor ainda, em uma das melhores partes da letra: “Morreu na contramão atrapalhando o sábado”. Foi uma jogada muito inteligente com o “atrapalhando o sábado”, porque é como se o descanso do público tivesse sido interrompidoa pela morte do trabalhador. Enquanto ele estava erguendo paredes, o público passeava; na hora em que se acidentou e morreu, incomodou os outros. As estrofes começam com “amou” e terminam com “morreu”, outra antítese muito interessante da letra que destaca a narrativa, onde as coisas começam bem e, de uma maneira ou de outra, terminam num fim. Neste caso, o fim é sua própria morte, deixando para trás o seu lar, onde sua posição como líder era muito importante; deixa de lado também seu trabalho, onde era insignificante. No arranjo da música, percebe-se que a última estrofe é cantada de um modo mais acelerado, com sons vindo de todos os lados. Este efeito gera uma confusão, um desnorteamento que ilustra a vida sem rumo daquele trabalhador. A repetição do mesmo alicerce das estrofes mostra que esta rotina é comum, acontecendo com vários trabalhadores por aí, todos invisíveis à sociedade.
Germinal é um romance do escritor Emile Zola, o décimo terceiro da série Les Rougon-Macquart e porventura um dos mais famosos.
A cena tem lugar no norte da França enquanto uma greve provocada pela redução de salários. Além dos aspectos técnicos das extrações minerais e as condições de vida nos agrupamentos dos mineiros, Zola também descreve o princípio das organizações política e sindical da classe operária divididas entre marxistas e anarquistas.
Para compor Germinal, o autor passou dois meses trabalhando como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu nas mesmas tavernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a greve dos mineiros. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre, com adaptações)
Germinal - Émile Zola
"Meu papel foi recolocar o homem no seu lugar dentro da criação, como um produto da terra, submetido ainda a todas as influências do meio; e no próprio homem coloquei em seu lugar o cérebro, um órgão entre outros órgãos, porque não creio que o pensamento seja outra coisa além de uma função de matéria."
(Émile Zola)
Émile Zola, francês, foi o criador do gênero de romance naturalista, influenciando autores muito importantes da literatura em língua portuguesa, como Eça de Queirós e Aluísio de Azevedo. Vivendo nas décadas finais do século XIX, em que a fé no progresso e o culto à ciência imperavam nos círculos intelectuais em nível praticamente mundial, o estilo de Zola decorre de uma fusão do romance realista de Balzac, Stendhal e Flaubert, baseados na crítica de costumes sociais, com autores da biologia e da medicina, como Darwin e Claude Bernard. Da fusão do realismo com a biologia, Zola criou a escola naturalista, em que a análise social, crítica, do comportamento de seus personagens busca fundamentos no conhecimento científico da biologia de sua época. Assim, as características mais marcantes de sua obra, presentes também nos demais autores naturalistas, são:
I. Em primeiro lugar, a visão do homem como um animal, movido pela eterna satisfação de suas necessidades biológicas e pela adaptação ao seu meio. Repetidas vezes, Zola descreve as ações e o comportamento de seus personagens humanos como próprias de animais, ou então descreve animais como dotados de comportamento quase humano (como o cavalo Batalha, o "filósofo").
II. Em segundo lugar, a ação humana é muito influenciada por questões patológicas na obra de Zola. O desenvolvimento da vida de seus personagens depende muito das doenças as quais os mesmos estão submetidos. Obviamente, isso decorre da busca de fundamentação científica para descrever o comportamento humano pelo autor. Assim, enquanto os mineradores, por estarem em contato com mais doenças, já são descritos fisicamente e psicologicamente como adultos logo na puberdade, os jovens burgueses mesmo depois dos vinte anos ainda são vistos como crianças.
III. O determinismo pelo meio. Sendo o homem um animal como todos os outros, vive em busca de se adaptar ao seu meio. Portanto, o meio é um fator determinante ao comportamento humano; é mais forte do que qualquer ação individual. No livro, por mais que fosse sofrida a vida dos mineiros de Montsou, eles nunca conseguiam viver sem trabalhar nas minas, ou então ir embora. Eles parecem biologicamente presos a sua condição, passando de geração para geração.
IV. O instinto. Apesar de viver em uma época em que as pessoas intelectualizadas tinham plena fé no desenvolvimento científico e na racionalidade humana, Zola põe na irracionalidade, isto é, nos surtos emocionais de seus personagens, um fator de extrema importância no enredo. Por exemplo, a revolta dos mineradores contra seus patrões decorre muito mais do simples ódio de classe do que um movimento racional para elevar os seus salários.
V. O niilismo. O sofrimento e a injustiça são elementos freqüentes no comportamento humano. Mas, para uma sociedade de animais medíocres, irracionais e presos ao seu meio, por mais revoltante que ele seja, como a sociedade humana, melhoras são praticamente impossíveis.
Em termos de enredo, o livro conta a história de Etienne, um trabalhador qualificado com impulsos socialistas, que por ser demitido de seu antigo emprego por brigar com seu ex-patrão, consegue um emprego de minerador em Montsou. Trabalhando com os demais mineradores, muito mais embrutecidos que ele, Etienne acaba se incorporando ao ambiente de pobreza, promiscuidade e ignorância da comunidade de mineradores. Contudo, por sua natureza socialista e intelectual o faz tornar-se um líder carismático de sua comunidade, incitando os trabalhadores contra seus patrões. Contudo, antes de provocar um luta de classes no sentido marxista do termo, o personagem provoca uma revolta dos humanos contra o seu meio natural, que é muito mais forte do que eles.
A corrente de romance naturalista, mesmo que tenha sido fundamental para o desenvolvimento da literatura ocidental no final do século XIX, e tendo influenciado muitas das escolas modernas, tem a sua metodologia de análise do comportamento humano bastante ultrapassada aos olhos da ciência dos dias atuais. Atualmente, os pesquisadores sociais não acreditam mais no determinismo sobre o homem, isto é, fatores ambientais, patológicos e sociais podem influenciar o comportamento humano em uma escala que depende de indivíduo para indivíduo. Mas há um fator de individualidade (presente inclusive no DNA de cada pessoa) que não pode ser descartado sobre o comportamento, que diferencia as pessoas entre si, e que as fazem tomar ações distintas e criativas, podendo dessa forma se desvincular de seu meio social.
Seja em questões da prova de Português ou ao longo da redação, é importante que o vestibulando acerte a concondância nominal para se dar bem no concurso."Trocando em miúdos, a concordância é a amarração que une os nomes e os fazem flexionar em gênero e número, e os verbos em número e pessoa", ensina Thiago Godoy, professor de Gramática da Oficina do Estudante, de Campinas.
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A pedido do site Terra, Godoy selecionou algumas dicas preciosas sobre concordância nominal.
Confira:
- Adjetivos variáveis: "Alguns adjetivos são biformes, portanto apresentam uma forma masculina e outra feminina ('menina bonitA', 'rapaz bobO'). Outros são uniformes, com uma forma que abarca os dois gêneros ('menina feliz', 'homem feliz'). Seu plural é dado geralmente pelo acréscimo da desinência 's' (bonita + s), ou seu alomorfe 'es' (feliz + es). Os compostos têm apenas seu último elemento flexionado ('encontro anglo-austro-sino-húngaro-baianO', 'palestras anglo-austro-sino-húngaro-baianAS'). Vale lembrar que 'surdo-mudo' tem seus dois elementos variáveis: 'meninas surdAS-mudAS'."
- Adjetivos invariáveis: "Tudo seria excelente não houvesse algumas exceções. Há nomes de cores, derivados de substantivos concretos, que não se flexionam em gênero ou número. Geralmente, cabem-lhes a expressão 'cor de' ('terno cor de rosa', 'ternos cor de rosa', 'gravatas cinza', 'sapatos gelo' etc.). Nos compostos cujo último elemento também é derivado de substantivo concreto, a regra é a mesma ('casa verde-musgo', 'colares amarelo-ouro'). O mesmo vale para 'azul-marinho' e 'azul-celeste'."
- Adjetivos que causam dúvida: "São variáveis: anexo, próprio, mesmo, quite, obrigado etc. ('cartas anexas', 'envelopes anexos', 'eu e você estamos quites','você está quite com o IR?', 'as meninas disseram:'muito obrigadas'' etc.). Não são variáveis monstro, alerta, pseudo etc. ('A garota tinha uma espinha monstro em seu nariz', 'os soldados estavam todos alerta' etc.). Lembre-se de que palavras como 'bastante' podem ser advérbio ('Ela fala bastante' - invariável, portanto), ou adjetivo ('Ela fala bastantES besteiras', variável)."
- Quando o adjetivo se refere a mais de um elemento: "A regra geral é que o adjetivo pode concordar, quando vem posposto aos termos a que se refere, com o mais próximo ou com todos ('Países e cidades ricAS ou RicOS'). Quando anteposto, concorda apenas com o mais próximo ('RicAS cidades e países'), a não ser que sejam pessoas ('habilidosOS Cristiano Ronaldo e Messi')."
- Quando o adjetivo funcionar como predicativo: "Ele deverá concordar com todos os núcleos do sintagma nominal a que se refere: 'Sagraram-se campeÕES da gincana as meninas e os meninos', 'Consideramos fracassadOS as tentativas e testes'."
EXERCÍCIOS
1) Assinale a alternativa em que ocorreu erro de concordância nominal.
a) livro e revista velhos
b) aliança e anel bonito
c) rio e floresta antiga
d) homem, mulher e criança distraídas
2) Assinale a frase que contraria a norma culta quanto à concordância nominal.
a) Falou bastantes verdades.
b) Já estou quites com o colégio.
c) Nós continuávamos alerta.
d) Haverá menos dificuldades na prova.
3) Há erro de concordância nominal na frase:
a) Nenhuns motivos me fariam ir.
b) Estavam bastante fracos.
c) - Muito obrigada, disse a mulher.
d) Foi um crime de lesa-cristianismo.
4) Está correta quanto à concordância nominal a frase:
a) Levou camisa, calça e bermuda velhos.
b) As crianças mesmo consertariam tudo.
c) Trabalhava esperançoso o rapaz e a moça.
d) Preocupadas, a mãe, a filha e o filho resolveram sair.
5) Cometeu-se erro no emprego de ANEXO em:
a) Anexas seguirão as fotocópias.
b) Em anexo estou mandando dois documentos.
c) Estão anexos a certidão e o requerimento.
d) Anexo seguiu uma foto.
6) Há erro de concordância nominal na seguinte frase:
a) Vós próprios podereis conferir.
b) Desenvolvia atividades o mais interessantes possíveis.
c) Anexo ao requerimento a documentação solicitada.
d) Ele já estava quite e tinha bastantes possibilidades de vitória.
7) Assinale o erro de concordância nominal.
a) Maçã é ótimo para isso.
b) É necessário atenção.
c) Não será permitida interferência de ninguém.
d) Música é sempre bom.
8) Assinale a frase imperfeita quanto à concordância nominal.
a) O artista andava por longes terras.
b) Realizava uma tarefa monstro.
c) Os garotos eram tal qual o avô.
d) Aquela é a todo-poderosa.
9) Em qual alternativa apenas a segunda palavra dos parênteses pode ser usada
na lacuna?
a) Estudei música e literatura............................ ( francesa / francesas )
b) Histórias quanto.............................. tristes. ( possível / possíveis )
c) Nem um nem outro......................... fugiu. ( animal / animais )
d) Só respondia com .......................palavras. ( meio / meias )
10) Marque o erro de concordância.
a) Os alunos ficaram sós na sala.
b) Já era meio-dia e meio.
c) Os alunos ficaram só na sala.
d) Márcia está meio vermelha.
11) Assinale a opção em que o nome da cor apresenta erro de concordância.
a) Tem duas blusas verde-musgos.
b) Usava sapatos creme.
c) Comprou faixas verde-azuladas.
d) Trouxe gravatas azul-celeste.
12) Aponte o erro de concordância.
a) Vi homem e mulher animados.
b) Era uma pseuda-esfera.
c) Encontramos rio e lagoa suja.
d) Regina ficou a sós.
13) Marque a frase com palavra mal flexionada.
a) Comprou camisas vermelho-sangue.
b) Assuntos nenhum lhe agravavam.
c) Não há quaisquer perspectivas.
d) Elas não se abrem por si sós.
14) (PROF.-MT) A frase em que a concordância nominal contraria a norma
culta é:
a) O poeta considera ingrata a terra e o filho.
b) O poeta considera ingrato o filho e a terra.
c) O poeta considera ingratos a terra e o filho.
d) O poeta fala de um filho e uma terra ingratas.
e) O poeta fala de uma terra e um filho ingratos.
15) (T.A.CÍVEL-RJ) "tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria
mesmo era escrever em português."
Das frases abaixo, a que contraria a norma culta quanto à concordância
nominal é:
a) Tornou-se clara para o leitor minha posição sobre o assunto.
b) Deixei claros para o leitor meus pontos de vista sobre o assunto.
c) Ficou clara para o leitor minha posição e meus argumentos sobre o
assunto.
d) Ficaram claras para o leitor minha posição e argumentação sobre o
assunto.
e) Quero tornar claros para o leitor serem estes meus argumentos sobre o
assunto.
16) (TFC) Assinale a opção em que não há erro.
a) Seguem anexo os formulários pedidos.
b) Não vou comprar esta camisa. Ela está muito caro.
c) Estas questões são bastantes difíceis.
d) Eu lhes peço que as deixem sós.
e) Estando pronto os preparativos para o início da corrida, foi dada a
largada.
GABARITO
1- d distraída/ distraídos
2- B quite
3- D Leso deve concordar com o substantivo a que aparece ligado no nome composto.
4- c Não há erro.
5- D Anexo deixou de concordar com foto.
6- B A palavra possível concorda com o artigo.
7- C Não será permitido.
8- C Os garotos eram tais qual o avô.
9- D - meias palavras
10- B Meio dia e meia
11- A Verde - musgo
12- Pseudo -esfera
13- B Nenhuns
14 - D
15 - E Quero tornar claro...
16- D
Na letra a, o adjetivo anexo deve concordar com formulários: anexos. Na b, o
adjetivo caro deve concordar com camisa: ela está muito cara. Na c, a palavra bastante
é um advérbio de intensidade, pois se liga ao adjetivo; não pode ir ao plural. O gabarito
é a letra d, porque sós é adjetivo, equivalendo a sozinhas. Na letra e, o adjetivo pronto
tem de concordar com o substantivo preparativos. Corrija-se: "Estando prontos os
preparativos..."
O advérbio é uma categoria gramatical invariável que modifica verbo, adjetivo ou outro advérbio, atribuindo-lhes uma circunstância de tempo, modo, lugar, afirmação, negação, dúvida ou intensidade. Por exemplo, a frase Ontem, ela não agiu muito bem. tem quatro advérbios: ontem, de tempo; não, de negação; muito, de intensidade; bem, de modo. As circunstância podem também ser expressas por uma locução adverbial - duas ou mais palavras exercendo a função de um advérbio. Por exemplo, a frase Ele, às vezes, age às escondidas. Tem duas locuções adverbiais: às vezes, de tempo; às escondidas, de modo.
Classificação dos Advérbios
01) Advérbios de Modo: assim, bem, mal, acinte (de propósito, deliberadamente), adrede (de caso pensado, de propósito, para esse fim), debalde (inutilmente), depressa, devagar, melhor, pior, bondosamente, generosamente e muitos outros terminados em mente. Locuções Adverbiais de Modo: às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão. 02) Advérbios de Lugar: abaixo, acima, adentro, adiante, afora, aí, além, algures (em algum lugar), alhures (em outro lugar), nenhures (em nenhum lugar), ali, aquém, atrás, cá, dentro, embaixo, externamente, lá, longe, perto. Locuções Adverbiais de Lugar: a distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta. 03) Advérbios de Tempo: afinal, agora, amanhã, amiúde (de vez em quando), ontem, breve, cedo, constantemente, depois, enfim, entrementes (enquanto isso), hoje, imediatamente, jamais, nunca, outrora, primeiramente, tarde, provisoriamente, sempre, sucessivamente, já. Locuções Adverbiais de Tempo: às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia. 04) Advérbios de Negação: não, tampouco (também não). Locuções Adverbiais de Negação: de modo algum, de jeito nenhum, de forma nenhuma. 05) Advérbios de Dúvida: acaso, casualmente, porventura, possivelmente, provavelmente, talvez, quiçá. Locuções Adverbiais de Dúvida: por certo, quem sabe. 06) Advérbios de Intensidade: assaz (bastante, suficientemente), bastante, demais, mais, menos, muito, quanto, quão, quase, tanto, pouco. Locuções Adverbiais de Intensidade: em excesso, de todo, de muito, por completo. 07) Advérbios de Afirmação: certamente, certo, decididamente, efetivamente, realmente, deveras (realmente), decerto, indubitavelmente. Locuções Adverbiais de Afirmação: sem dúvida, de fato, por certo, com certeza. 08) Advérbios Interrogativos: onde (lugar), quando (tempo), como (modo), por que (causa).
Flexão do advérbio
O advérbio pode flexionar-se nos graus comparativo e superlativo absoluto. Comparativo de Superioridade
O advérbio flexiona-se no grau comparativo de superioridade por meio de mais ... (do) que. Ex.:
Ele agiu mais generosamente que você.
Comparativo de Igualdade
O advérbio flexiona-se no grau comparativo de igualdade por meio de tão ... como, tanto ... quanto. Ex.:
Ele agiu tão generosamente quanto você.
Comparativo de Inferioridade
O advérbio flexiona-se no grau comparativo de inferioridade por meio de menos ... (do) que. Ex.:
Ele agiu menos generosamente que você.
Superlativo Absoluto Sintético
O advérbio flexiona-se no grau superlativo absoluto sintético por meio dos sufixos -issimamente, -íssimo ou -inho. Ex.:
Ela agiu educadissimamente.
Ele é muitíssimo educado.
Acordo cedinho.
Superlativo Absoluto Analítico
O advérbio flexiona-se no grau superlativo absoluto analítico por meio de um advérbio de intensidade como muito, pouco, demais, assaz, tão, tanto... Exemplos
Ela agiu muito educadamente.
Acordo bastante cedo.
Melhor e pior são formas irregulares do grau comparativo dos advérbios bem e mal; no entanto, junto a adjetivos ou particípios, usam-se as formas mais bem e mais mal. Ex.:
Estes alunos estão mais bem preparados que aqueles.
Havendo dois ou mais advérbios terminados em -mente, numa mesma frase, somente se coloca o sufixo no último deles. Ex.:
Ele agiu rápida, porém acertadamente.
Fonte: www.gramaticaonline.com.br
1. DEFINIÇÃO
Advérbio é a classe de palavras que:
a) do ponto de vista sintático
Vem associada ao verbo, ao adjetivo ou ao próprio advérbio, podendo inclusive modificar uma frase inteira Ex.:
O juiz morava longe.
O dia está muito calmo.
Falava muito bem.
Certamente, você saberá como proceder na hora oportuna.
b) do ponto de vista mórfico
É invariável
c) do ponto de vista semântico
Denota circunstância de:
modo
tempo
lugar
dúvida
intensidade
negação
afirmação
OBS: A maioria dos advérbios modifica o verbo, ao qual acrescentam uma circunstância. Só os de in- tensidade é que podem também modificar adjetivos e advérbios.
2. CLASSIFICAÇÃO
Conforme a circunstância ou de acordo com a idéia acessória que exprimem, os Advérbios classificam-se em:
De dúvida: talvez, quiçá, acaso, porventura, certamente, provavelmente, decerto, certo.
De intensidade: muito, mui, assaz, pouco, bastante, mais, menos, tão, demasiado, meio, todo, demais, nada.
De afirmação: sim, certamente, deveras, incontestavelmente, realmente, efetivamente.
De negação: não, jamais, nunca, nada, absolutamente.
3. ADVÉRBIOS INTERROGATIVOS
Usados em interrogações diretas ou indiretas.
São as palavras:
onde?
aonde?
donde?
quanto?
quando?
como?
por que?
para que?
OBS:O advérbio onde pode combinar-se com a preposição a (aonde) e com a preposição de (donde) e o uso de cada uma das formas pode ser descrita assim:
Onde: Indica o lugar em que se situa a ação verbal: Onde você mora? Aonde: Indica o lugar para o qual se dirige a ação verbal: Aonde você quer chegar? Donde: Indica o lugar do qual parte a ação verbal: Donde você veio? Interrogação: Direta Interrogação Indireta Quanto custa isto? Diga-me quanto custa isto. Quando voltas? Querem saber quando voltas. Como sabes isto? Ignoro como sabes isto. Por que choras? Não sei por que choras. Para que estudas? Pergunto para que estudas.
4. LOCUÇÃO ADVERBIAL
Quando há duas ou mais palavras que exercem função de advérbio tem- se a locução adverbial que podem expressar as mesmas noções dos advérbios. É a expressão for-mada de preposição + substantivo, ligada ao verbo com função equivalente ao do advérbio. Inici- am ordinariamente por uma preposição.
De lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para dentro, para fora, por aqui, por ali, por aí...
De afirmação: por certo, sem dúvida...
De modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em geral, frente a frente, de soslaio, de chofre, de viva voz.
De tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, hoje em dia, nunca mais, passo a passo, por miúdo.
OBS: Não confundir a locução adverbial com a locução prepositiva. Nesta última, a preposição vem sempre depois do advérbio ou da locução adverbial: Ex: perto de, antes de, dentro de...
5. GRAUS DOS ADVÉRBIOS
Semelhantemente aos adjetivos, certos advérbios de modo, tempo, lu- gar e intensidade são suscetíveis de gradação:
GRAU COMPARATIVO GRAU SUPERLATIVO
Igualdade superioridade inferioridade sintético analítico analítico sintético tão ... quanto mais ... que melhor que (bem) menos ... que cedíssimo muito cedo
tão ... como mais ... do que pior que (mal) menos ... do que otimamente muito bem longíssimo muito longe
OBSERVAÇÃO
1. Para indicar o limite da possibilidade, dizemos: "o mais cedo possível", "o mais longe que puder", "o máximo de vezes".
2. Os advérbios bem e mal transformam-se em mel;hor e pior no comparativo (veja-se quadro).
Exemplos:
Ele escreve melhor que o irmão.
Todos aqui vivem pior que na fazenda.
3. Embora seja uma palavra invariável, o advérbio pode assumir, na linguagem coloquial, fami- liar, formas diminutivas que expressam intensidade ou afetividade: cedinho, rentinho, pertinho
4. Numa seqüência de advérbios terminados em -mente, costuma-se colocar o sufixo apenas no último:
Ex.:
Ele agiu calma e decididamente.
Ele falou sábia e calmamente.
5. Frequentemente empregamos adjetivos com valor de advérbios:
Ex.:
Ela não conseguiu dormir direito.
Bem caro pagarás os teus deleites.
Ele falou claro. Foram direto ao galpão do sítio.
6. PALAVRAS E LOCUÇÕES NÃO-CLASSIFICADAS (DENOTATIVAS)
De acordo com a NGB, serão classificadas à parte certas palavras e locuções, outrora consideradas advérbios, que não se enquadram em nenhuma das 10 classes conhecidas. Apesar de apresentarem forma semelhante à dos advérbios, a rigor não podem ser consideradas como tais. Elas são analisadas em função da idéia que expressam. São palavras denotativas de...(ou locuções denotativas de...)"
Inclusão
até
mesmo
também
inclusive
ainda
ademais
além disso
de mais a mais.
Exclusão
exclusive
menos
exceto
fora
salvo
tirante
senão
sequer
somente
apenas
só
unicamente
Situação
então
mas
afinal
agora
Retificação
aliás
ou melhor
isto é
ou antes
digo
Designação
Eis
Realce
cá
lá
só
é que
sobretudo
mesmo
embora
Explicação (ou explanação)
isto é
por exemplo
a saber
como
Afetividade
felizmente
infelizmente
Limitação
só
apenas
somente
unicamente
OBS: Na análise dir-se-á: palavra, ou locução denotativa de ....
Locução adverbial
Duas ou mais palavras que juntas na frase equivalem a um advérbio.
Vamos começar nosso estudo analisando duas frases que contém advérbios.
Pedro bebe compulsivamente.
João compareceu pontualmente
É lícito dizer que compulsivamente indica o modo como Pedro bebe e que pontualmente particulariza a forma como João compareceu. Ou seja, as duas palavras estão modificando as ações denotadas nas frases. Diante disso, podemos dizer que em muitos usos, uma característica bem definida dos advérbios é funcionar como complementos frasais. Vamos adiante, analisando outra série:
Gisele desfilou linda.
Gisele desfilou muito.
Gisele desfilou muito linda.
Na primeira frase, linda modifica Gisele . Na segunda frase, muito modifica a ação denotada por desfilou . Na terceira frase, linda modifica Gisele , mas muito não modifica a ação do verbo, modifica sim, o adjetivo linda . Conclusão: advérbios podem modificar adjetivos. Vamos adiante.
Pedro dirige muito.
Pedro dirige muito bem.
Na primeira frase, entende-se que muito quantifica a ação indicada na frase e explicitada pelo verbo. Já na segunda frase, se nos baseássemos no comportamento típico dos adjetivos, por exemplo, concluiríamos que Pedro dirige muito e bem. Mas não é o que acontece com os advérbios. A interpretação correta da frase é que Pedro dirige mais do que bem, dirige bem além da conta. O advérbio muito , nesse caso não modifica a ação do verbo, mas modifica o outro advérbio ( bem ). Esta é mais uma característica dos advérbios. Modificam outros advérbios.
Com essas análises, concluímos que advérbios podem complementar frases, além de modificar adjetivos e outros advérbios. Isso nos servirá como ponto de partida para nossa análise dos advérbios, uma classe difícil, cuja definição exige um esforço considerável. Para isso, teremos que levar em conta aspectos morfológicos, sintáticos e semânticos.
Contraste entre adjetivos e advérbios
Estudando atentamente os adjetivos e os advérbios encontramos várias similaridades e convergências entre as duas classes, de tal forma que chega ser tentadora a idéia de tratá-las como subconjuntos de uma classe maior de modificadores. Essa conclusão surge da observação de séries como a apresentada a seguir:
A bailarina é linda.
A bailarina dança lindamente.
Observe que tanto linda como lindamente apresentam o mesmo radical, que ambas as palavras são modificadores e o sentido que portam é basicamente o mesmo nos dois casos exemplificados, ou seja, uma qualidade, a beleza, está sendo atribuída a uma pessoa e a uma ação respectivamente.
Outra convergência que se observa é o fato de muitos adjetivos apresentarem advérbios correspondentes como:
Adjetivo
Advérbio
Muito, muita, muitos, muitas
Muito, muitíssimo
Rápido, rápida, rápidos, rápidas
Rápido, rapidamente
Pouco, pouca, poucos, poucas
Pouco, pouquíssimo
Bem
Bem
Muitos advérbios derivam de adjetivos pelo acréscimo do sufixo - mente à forma feminina do adjetivo, se houver. Em outros casos, não temos diferença morfológica notável entre adjetivo e advérbio, exceto as flexões de gênero e número no adjetivo.
Por exemplo:
Adjetivos: Muitas soluções, muitos problemas, muito tempo, muita intriga.
Advérbios:Muito bacanas, muito complexos, muito suja, muito limpo, viajou muito, muito bem.
As semelhanças entre adjetivos e advérbios são acentuadas no aspecto semântico. Já no aspecto morfossintático, observam-se diferenças como se vê na tabela a seguir:
Característica
Adjetivo
Advérbio
Flexão em gênero
Sim
Não
Flexão em número
Sim
Não
Flexão em grau
Sim
Em alguns casos
Classes que determina
Substantivos
Adjetivos Advérbios
Complementa frases copulativas
Sim
Não
Complementa frases não copulativas
Sim
Sim
Os adjetivos e advérbios contrastam nas condições em que podem ser empregados para formar sintagmas complementares da frase. Vamos resumir as possibilidades.
O adjetivo pode ser empregado como complemento de frases copulativas e o advérbio não.
A moça é linda.
A moça é muito.
Tanto o adjetivo como o advérbio podem complementar frases não copulativas, mas nesse caso, o adjetivo modifica apenas o sujeito e o advérbio modifica a frase como um todo.
A modelo desfilou linda.
A modelo desfilou lindamente.
Note que na primeira frase, o adjetivo linda modifica modelo . Na segunda frase, lindamente modifica a modelo desfilou .
As características morfológicas de adjetivos e advérbios podem ser decisivas para a interpretação do significado da frase como vemos em seguida:
As mani festantes são muito radicais.
As manifestantes são muitas radicais.
Na primeira frase, o fato de muito não concordar em número e gênero com manifestantes indica que muito está sendo usada como advérbio. Em função disso, o falante vai entender que muito determina radicais em vez de determinar manifestantes , já que na gramática do português advérbio não determina substantivo.
Na segunda frase, o fato de muitas concordar em gênero e número com manifestantes , induz o falante a considerar muitas como adjetivo. Como no português, adjetivo só determina substantivo, a determinação de muitas recai sobre manifestantes e a segunda frase ganha sentido diferente da primeira.
Em alguns casos, o adjetivo masculino singular se confunde com seu advérbio correspondente, gerando frases ambíguas como a seguir:
Ele agiu bem.
Afinal, quando agiu ele estava bem, ou a ação é que se deu corretamente? A ambigüidade deve-se ao fato de bem poder ser entendido como advérbio ou adjetivo.
Dois casos de uma mesma classe?
Diante das convergências que constatamos entre adjetivos e advérbios, poderíamos propor um modelo de análise em que as duas classes seriam tratadas como casos de uma classe mais abrangente. Dessa forma, palavras como as agrupadas a seguir seriam tratadas como integrantes de um mesmo lexema.
Certo, certa, certos, certas, certamente.
Pronto, pronta, prontos, prontas, prontamente.
As flexões com gênero e número definidos seriam tratadas como pertencentes ao caso adjetivo e a flexão terminada em mente , seria incluída no caso adverbial. Observe que estaríamos unindo os adjetivos e advérbios em uma mesma classe, flexionada em caso. Respaldo para tal modelo há, afinal, o adjetivo e o advérbio, se distinguem basicamente pelas funções sintáticas distintas que desempenham.
Esse exercício de análise foi desenvolvido apenas para mostrar as afinidades que unem os adjetivos e os advérbios. Não vamos criar a super classe dos adjetivos mais advérbios, embora a idéia seja tentadora.
Modificador de modificadores
Uma característica marcante dos advérbios é o fato de funcionarem como modificadores de adjetivos e de outros advérbios. Se considerarmos que o adjetivo modifica o substantivo e este não modifica outros itens, temos uma cadeia de modificação como no exemplo:
Tese muito bem desenvolvida.
No exemplo, o substantivo tese é o determinado primário.
O adjetivo desenvolvida é modificador primário.
O advérbio bem é modificador secundário.
Muito é advérbio modificador terciário.
O advérbio não pode desempenhar a função de modificador primário.
Complemento frasal
Outra característica importante dos advérbios é a possibilidade de formarem isoladamente um sintagma que complementa alguns modelos de frase que seguem a estrutura sujeito + sintagma verbal + complemento.
Veja alguns casos:
O preço subiu rapidamente.
A tempestade chegou subitamente.
A ação do advérbio, nesses casos se estende sobre o conjunto sujeito + sintagma verbal. É o que se conclui fazendo perguntas que esclarecem a função do advérbio na frase. O que se deu rapidamente? A subida do preço. O que se deu subitamente? A chegada da tempestade.
Advérbio é a palavra que se emprega como:
1. modificador do adjetivo ou do próprio advérbio; 2. Determinante do verbo
Os advérbios são palavras heterogêneas, ou seja, podem exercer funções as mais diversas na oração. Por isso, a cada função exercida, alia-se um valor significativo. Como modificador, o advérbio expressa uma propriedade dos seres de modo a acrescentar-lhes um significado diferente, "modificado". Isso acontece em relação ao adjetivo, ao próprio advérbio, ou mesmo a uma oração inteira.
Exemplos:
Ela estava tão apressada que esqueceu seu livro de matemática comigo. ...[apressada: adjetivo]
...[tão: advérbio = modificador do adjetivo]
Todos passam muito bem, obrigado! ...[bem: advérbio]
...[muito: advérbio = modificador do advérbio]
Felizmente não houve feridos no acidente. ...[não houve feridos no acidente: oração]
...[felizmente: advérbio = modificador da oração]
Ninguém manda aqui! ...[mandar: verbo]
...[aqui: advérbio de lugar = determinante do verbo]
Os advérbios que se relacionam ao verbo são palavras que expressam circunstâncias do processo verbal, por isso considerá-los um determinante. Cada uma dessas circunstâncias indicadas pelos advérbios justifica os vários tipos de advérbios na nossa língua (circunstância de lugar, modo, tempo, etc.).
Outra característica dos advérbios se refere a sua organização morfológica. Os advérbios são palavras invariáveis. Isto é, essa classe gramatical não apresenta variação em gênero e número - tal como os nomes -, nem de pessoa, modo, tempo, aspecto e voz - tal como os verbos. Alguns advérbios, porém, admitem a variação em grau (ex.: cedo = advérbio de tempo em grau normal; cedíssimo = grau superlativo; cedinho = diminutivo com valor de grau superlativo do advérbio).
É importante, portanto, conhecer essas outras particularidades do advérbio.