quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O valioso tempo dos maduros - Mário de Andrade


Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui
para a frente do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado do que futuro.
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jaboticabas..
As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam
poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir
assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar
da idade cronológica, são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo
de secretário geral do coral.
'As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas jaboticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana,
muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com
triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua
mortalidade,
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade,
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!

2 comentários:

  1. Sr Ricardo Andrade:
    Há uma polêmica quanto a Autoria deste texto! Uns dizem ser do Rubem Alves, e há um senhor, de nome Ricardo Gondin que atribui a si a Autoria.
    Apesar de achar inúmeras páginas atribuindo ao Mário de Andrade, carece de consultar uma boa Antologia para resolver o impasse. Se é mesmo do Mário de Andrade, sabe informar quando e onde foi publicado? Obrigado.

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  2. Sávio, encontrei o vídeo no youtube e o texto no blog do jornalista Luís Nassif - http://blogln.ning.com/profiles/blogs/o-valioso-tempo-dos-maduros -, mas agradeço o comentário observador. Vou conferir se o texto consta realmente em alguma das obras do grande poeta modernista, autor do Macunaíma. Por enquanto, assim como o Nassif, não vou retirá-lo, mas se confirmar o engano, retiro-o sim. De qualquer modo, os que aqui chegarem poderão ler nossos comentários e tirar as suas próprias conclusões, fazendo suas próprias pesquisas. A Internet causa estas polêmicas quanto a atribuição dos textos. Existem muitos casos... É sempre bom ter leitores atentos e observadores como você.
    Muito obrigado!

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