segunda-feira, 26 de julho de 2010

MODERNISMO

Modernismo no Brasil
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O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileira na primeira metade do século XX, sobretudo no campo da literatura e das artes plásticas.
Comparado a outros movimentos modernistas, o brasileiro foi desencadeado tardiamente, na década de 1920. Este foi resultado, em grande parte, da assimilação de tendências culturais e artísticas lançadas pelas vanguardas europeias no período que antecedeu a Primeira Guerra Mundial, tendo como exemplo do Cubismo e do Futurismo, refletindo, então, na procura da abolição de todas as regras anteriores e a procura da novidade e da velocidade. Contudo, pode-se dizer que a assimilação dessas ideias europeias deu-se de forma seletiva, rearranjando elementos artísticos de modo a ajustá-los às singularidades culturais brasileiras.
Considera-se a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922, como ponto de partida do modernismo no Brasil. Porém, nem todos os participantes desse evento eram modernistas: Graça Aranha, um pré-modernista, por exemplo, foi um dos oradores. Não sendo dominante desde o início, o modernismo, com o tempo, suplantou os anteriores. Foi marcado, sobretudo, pela liberdade de estilo e aproximação com a linguagem falada, sendo os da primeira fase mais radicais em relação a esse marco.  
Didaticamente, divide-se o Modernismo em três fases: a primeira fase, mais radical e fortemente oposta a tudo que foi anterior, cheia de irreverência e escândalo; uma segunda mais amena, que formou grandes romancistas e poetas; e uma terceira, também chamada Pós-Modernismo por vários autores, que se opunha de certo modo a primeira e era por isso ridicularizada com o apelido de neoparnasianismo.   
Primeira geração (1922-1930)
A Primeira Fase do Modernismo foi caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições, sendo ela rica em manifestos e revistas de circulação efêmera.
Havia a busca pelo moderno, original e polêmico, com o nacionalismo em suas múltiplas facetas. A volta das origens, através da valorização do indígena e a língua falada pelo povo, também foram abordados. Contudo, o nacionalismo foi empregado de duas formas distintas: a crítica, alinhado a esquerda política através da denúncia da realidade, e a ufanista, exagerado e de extrema direita. Devido à necessidade de definições e de rompimento com todas as estruturas do passado foi a fase mais radical, assumindo um caráter anárquico e destruidor.
Um mês depois da Semana de Arte Moderna, o Brasil vivia dois momentos de grande importância política: as eleições presidenciais e o congresso de fundação do Partido Comunista em Niterói. Em 1926, surge o Partido Democrático, sendo Mário de Andrade um de seus fundadores. A Ação Integralista Brasileira, movimento nacionalista radical, também vai ser fundado, em 1932, por Plínio Salgado.
Autores
  • Antônio de Alcântara Machado (1901-1935)
  • Cassiano Ricardo (1895-1974)
  • Guilherme de Almeida (1890-1969)
  • Juó Bananére (1892-1933)
  • Manuel Bandeira (1886-1968)
  • Mário de Andrade (1893-1945)
  • Menotti del Picchia (1892-1988)
  • Oswald de Andrade (1890-1953)
  • Plínio Salgado (1895-1975)
  • Raul Bopp (1898-1984)
  • Ronald de Carvalho (1893-1935)
Características Gerais da literatura Moderna
A) LIBERDADE DE EXPRESSÃO A importância maior das vanguardas residiu no triunfo de uma concepção inteiramente libertária da criação artística. O pintor, o escritor ou o músico não precisam se guiar por outras leis que não as de sua própria interioridade e seu próprio arbítrio. A liberdade só poderá ser cerceada por regimes autoritários que proíbem a circulação dos objetos artísticos. Caso contrário, todas as normas foram abolidas.   B) INCORPORAÇÃO DO COTIDIANO Uma das maiores conquistas do modernismo, a valorização da vida cotidiana traz para uma abertura temática sem precedentes pois, até então, apenas assuntos "sublimes" tinham direito indiscutível ao mundo literário. Agora, o prosaico, o diário, o grosseiro, o vulgar, o resíduo e o lixo tornam-se os motivos centrais da estética modernista. A aventura do cotidiano leva o artista a romper com os esquemas de vida burguesa. Ele descobre o folclórico e o popular, elementos dos quais se apropiará, muitas vezes indevidamente. Acima de tudo, o artista está consciente de que todos os objetos podem se tornar literários.   C) LINGUAGEM COLOQUIAL Este anticonvencionalismo temático, esta dessacralização dos conteúdos encontra correspondência na linguagem. Além das inovações técnicas, a linguagem torna-se coloquial, espontânea, mesclando expressões da língua culta com termos populares. Liberto da escrita "nobre", o artista volta-se para um estilo prosaico, que admite "erros" gramaticais e palavras comuns.  D) INOVAÇÕES TÉCNICAS O rompimento com os padrões culturais do século XIX implicaria no surgimento de novas técnicas de escritura, tanto no domínio da poesia, quanto no da ficção. As principais conquistas foram: - O verso livre: o verso já não está sujeito ao rigor métrico e as formas fixas de versificação, como o soneto, por exemplo. Também a rima se torna desnecessária. - A destruição dos nexos: os chamados nexos sintáticos, preposições, conjunções, etc. São eliminados da poesia moderna, que se torna mais solta, mais descontinua e fragmentária e, fundamentalmente, mais sintética. No plano da prosa, essas elipses geraram o estilo telegráfico: frases curtas e sincopadas. - A enumeração caótica: consiste no acúmulo de palavras que designam objetos, seres, sensações, vinculados a uma idéia ou várias idéias básicas, sem ligação evidente entre si. - O fluxo de consciência: técnica narrativa estabelecida por Edouard Dujardin e sacramentada por James Joyce. Trata-se de um monólogo interior levado para o texto de ficção sem qualquer obediência à normalidade gramatical, à lógica e mesmo à coerência. É a mente do personagem revelada por ele próprio, sem nenhum tipo de barreira racional. - A colagem e montagem cinematográfica: ainda no campo da narrativa, valoriza-se a fragmentação do texto, sua montagem em blocos, a "colagem" de notícias de jornais, cartazes, telegramas, etc. No corpo dos romance, como o fez Jonh dos Pasos na trilogia U.S.A . Ou ainda a utilização de várias vozes narrativas (1ª, 2ª, 3ª pessoas no mesmo livro) nas experiências de Faulkner (Enquanto agonizo, O som e a fúria). - A eliminação dos sinais de pontuação: os sinais tornam-se facultativos, com o escritor subordinado ao uso de pontos, vírgulas, travessões, etc. A uma disposição estilístico- -psicológica e não a regras gramaticais. Sua eliminação freqüente, visa dar ao texto um aspecto de caótico ou febril.
Manifestos e revistas
Revista Klaxon — Mensário de Arte Moderna (1922-1923)
Recebe este nome do termo usado para designar a buzina externa dos automóveis. Primeiro periódico modernista, é conseqüência das agitações em torno da Semana de Arte Moderna. Inovadora em todos os sentidos: gráfico, existência de publicidade, oposição entre o velho e o novo.
Manifesto da Poesia Pau-Brasil (1924-1925)
Escrito por Oswald e publicado inicialmente no Correio da Manhã. Em 1925, é republicado como abertura do livro de poesias Pau-Brasil, de Oswald. Apresenta uma proposta de literatura vinculada à realidade brasileira, a partir de uma redescoberta do Brasil.
Verde-Amarelismo ou Escola da Anta (1926-1929)
Grupo formado por Plínio Salgado, Menotti del Picchia, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo em resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil, criticando-se o “nacionalismo afrancesado” de Oswald. Sua proposta era de um nacionalismo primitivista, ufanista, identificado com o fascismo, evoluindo para o Integralismo. Idolatria do tupi e a anta é eleita símbolo nacional. Em maio de 1929, o grupo verde-amarelista publica o manifesto "Nhengaçu Verde-Amarelo — Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta".
Manifesto Regionalista de 1926
1925 e 1930 é um período marcado pela difusão do Modernismo pelos estados brasileiros. Nesse sentido, o Centro Regionalista do Nordeste (Recife) busca desenvolver o sentimento de unidade do Nordeste nos novos moldes modernistas. Propõem trabalhar em favor dos interesses da região, além de promover conferências, exposições de arte, congressos etc. Para tanto, editaram uma revista. Vale ressaltar que o regionalismo nordestino conta com Graciliano Ramos, José Lins do Rego, José Américo de Almeida, Rachel de Queiroz, Jorge Amado e João Cabral, na 2ª fase modernista em 1926.
Revista de Antropofagia (1928-1929)
É a nova etapa do Pau-Brasil, sendo resposta a Escola da Anta. Seu nome origina-se da tela Abaporu (O que come) de Tarsila do Amaral.
O Antropofagismo foi caracterizado pela assimilação (“deglutição”) crítica das vanguardas e culturas europeias, com o fim de recriá-las, tendo em vista o redescobrimento do Brasil em sua autenticidade primitiva. Contou com duas fases, sendo a primeira com dez números (1928 – 1929), sob direção de Antônio Alcântara Machado e gerência de Raul Bopp, e a segunda publicada semanalmente em 16 números no jornal Diário de São Paulo em 1929, tendo como secretário Geraldo Ferraz.
Primeira Fase
Iniciado pelo polêmico manifesto de Oswald, conta com Alcântara Machado, Mário de Andrade (com a publicação de um capítulo de Macunaíma em seu 2º número), Carlos Drummond (3º número, publicou a poesia No meio do caminho); além de desenhos de Tarsila, artigos em favor da língua tupi de Plínio Salgado e poesias de Guilherme de Almeida. Alcântara Machado (1901-1935) Cassiano Ricardo (1895-1974) Guilherme de Almeida (1890-1969) Manuel Bandeira (1886-1968) Mário de Andrade (1893-1945) Oswald de Andrade (1890-1953)
Segunda Fase
Mais definida ideologicamente, foi iniciada pela ruptura dos Andrades. Nesta fase, há a participação de Oswald, Bopp, Geraldo Ferraz, Oswaldo Costa, Tarsila, Patrícia Galvão Pagu. Os alvos das críticas são Mário de Andrade, Alcântara Machado, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Menotti del Picchia e Plínio Salgado.
Outras revistas
  • Revista Verde de Cataguases (MG - 1927-1928)
  • Revista Estética (RJ - 1924)
  • Revista Terra Roxa e outras Terras (SP - 1926, colaborador Mário de Andrade)
  • Revista Festa (RJ - 1927, Cecília Meireles como colaboradora)
Segunda geração (1930-1945)  
Estendendo-se de 1930 a 1945, a segunda fase foi rica na produção poética e, também, na prosa. O universo temático amplia-se com a preocupação dos artistas com o destino do Homem e no estar-no-mundo. Ao contrário da sua antecessora, foi construtiva.
Não sendo uma sucessão brusca, a poesia da geração de 22 e 30 foram contemporâneas. A maioria dos poetas de 30 absorveram experiências de 22, como a liberdade temática, o gosto da expressão atualizada ou inventiva, o verso livre e o antiacademicismo. Portanto, ela não precisou ser tão combativa quanto a de 22, devido ao encontro de uma linguagem poética modernista já estruturada. Passara, então, a aprimorá-la, prosseguindo a tarefa de purificação de meios e formas direcionando e ampliando a temática da inquietação filosófica e religiosa, com Vinícius de Moraes, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Carlos Drummond de Andrade.  
A prosa, por sua vez, alargava a sua área de interesse ao incluir preocupações novas de ordem política, social, econômica, humana e espiritual. A piada foi sucedida pela gravidade de espírito, a seriedade da alma, propósitos e meios. Essa geração foi grave, assumindo uma postura séria em relação ao mundo, por cujas dores, considerava-se responsável. Também caracterizou o romance dessa época, o encontro do autor com seu povo, havendo uma busca do homem brasileiro em diversas regiões, tornando o regionalismo importante. A Bagaceira, de José Américo de Almeida, foi o primeiro romance nordestino.
Rachel de Queiroz, Jorge Amado, José Lins do Rego, Érico Verissimo, Graciliano Ramos e outros escritores criaram um estilo novo, completamente moderno, totalmente liberto da linguagem tradicional, nos quais puderam incorporar a real linguagem regional, as gírias locais.  
O humor quase piadístico de Drummond receberia influências de Mário e Oswald de Andrade. Vinícius, Cecília, Jorge de Lima e Murilo Mendes apresentaram certo espiritualismo que vinha do livro de Mário Há uma Gota de Sangue em Cada Poema (1917).
A consciência crítica
Mais do que tudo, os escritores da segunda geração consolidaram em suas obras questões sociais bastante graves: a desigualdade social, a vida cruel dos retirantes, os resquícios de escravidão, o coronelismo, apoiado na posse das terras - todos problemas sociopolíticos que se sobreporiam ao lado pitoresco das várias regiões retratadas.
Autores
Na poesia
  • Augusto Frederico Schmidt (1906-1965)
  • Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
  • Cecília Meireles (1901-1964)
  • Jorge de Lima (1895-1953)
  • Mário Quintana (1906-1994)
  • Murilo Mendes (1901-1975)
  • Vinícius de Moraes (1913-1982)
Na prosa
  • Álvaro Lins (1912-1970)
  • Cornélio Pena (1896-1958)
  • Cyro dos Anjos (1906-1994)
  • Érico Veríssimo (1905-1975)
  • Graciliano Ramos (1892-1953)
  • Herberto Sales (1917-1999)
  • Jorge Amado (1912-2001)
  • José Américo de Almeida (1887-1957)
  • José Geraldo Vieira (1897-1977)
  • José Lins do Rego (1901-1957)
  • Lúcio Cardoso (1913-1968)
  • Marques Rebelo (1907-1973)
  • Octávio de Faria (1908-1980)
  • Patrícia Galvão (1910-1962)
  • Rachel de Queiroz (1910-2003)
Terceira geração (1945-1978)
Com a transformação do cenário sócio-político do Brasil, a literatura também transformou-se. O fim da Era Vargas, a ascensão e queda do Populismo, a Ditadura Militar, e o contexto da Guerra Fria, foram, portanto, de grande influência na Terceira Fase.
Na prosa, tanto no romance quanto no conto, houve a busca de uma literatura intimista, de sondagem psicológica e introspectiva, tendo como destaque Clarice Lispector. O regionalismo, ao mesmo tempo, ganha uma nova dimensão com a recriação dos costumes e da fala sertaneja com Guimarães Rosa, penetrando fundo na psicologia do jagunço do Brasil central. A pesquisa da linguagem foi um traço caraterísticos dos autores citados, sendo eles chamados de instrumentalistas.  
A geração de 45 surge com poetas opositores das conquistas e inovações modernistas de 22. A nova proposta, inicialmente, é defendida pela revista Orfeu em 1947. Negando a liberdade formal, as ironias, as sátiras e outras características modernistas, os poetas de 45 buscaram uma poesia mais “equilibrada e séria”, tendo como modelos os Parnasianos e Simbolistas. No fim dos anos 40, surge um poeta singular, não estando filiado esteticamente a nenhuma tendência: João Cabral de Melo Neto.
Autores
  • Antonio Olinto (1919-2009)
  • Ariano Suassuna (1927-)
  • Clarice Lispector (1920-1977)
  • Domingos Carvalho da Silva
  • Elisa Lispector (1911-1989)
  • Ferreira Gullar (1930- )
  • Geraldo Vidigal (1921)
  • Guimarães Rosa (1908-1967)
  • João Cabral de Melo Neto (1920-1999)
  • Mauro Mota (1911-1984)
  • Nelson Rodrigues (1912-1990) 

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